terça-feira, 4 de dezembro de 2012

NOVE DE JULHO 2004


(…) Os meus primeiros relatórios à Assembleia da República procuraram evidenciar as preocupações de eficácia, subjacentes à realidade com que me confrontei.
Cada Provedor de Justiça também é a sua circunstância.
Defendi sempre que, entre outros vectores, ele não pode deixar confundir-se com a imagem da burocracia estadual ou com a da conhecida lentidão da Justiça.
Por isso não lhe é lícito esquecer que a sua primeira e básica obrigação é a de resolver em tempo útil as queixas que os cidadãos lhe dirigem.
Preferenciar outros caminhos, que o seu mandato legal também implica, porventura mais exaltantes de percorrer, deixando, porém, acumular-se as queixas das pessoas, é, no fundo, ignorar que estas não podem ficar em segundo lugar, porque são a razão da sua existência.
Essa foi a minha opção e estou convicto de que foi a opção certa.
Nesta linha de entendimento, como assinalei no último relatório ao Parlamento, referente a 2003, logrou-se atingir todos os resultados que demarquei como objectivos:
diminuiu-se para mais de metade a pendência anual dos processos em instrução, acelerou-se significativamente o prazo de resolução das queixas (86% dos processos encerrados em 2003 duraram menos de um ano),
desapareceram praticamente muitas centenas de reclamações cuja instrução se arrastava por anos e sempre se manteve a taxa de sucesso das intervenções, à roda de 80%.
Foi um trabalho de formiga, porventura, mas foi o trabalho que se impunha fazer, sob pena de chegarmos a esta altura com uma situação muito difícil de controlar e de gerir em termos de fardo processual e da sua longevidade.
Esse ciclo está encerrado.
Aliás, à medida em que se ia consolidando a situação, incentivei os meus colaboradores, cada vez mais, para a abordagem de outras perspectivas ínsitas no mandato do Provedor de Justiça.(…)
 Isto implicará mais trabalho, sobretudo, melhor trabalho. Conto com o esforço, o empenho e a alegria da juventude dos meus Assessores, a eficiente orientação dos meus Coordenadores, a lealdade e grande competência dos meus Provedores-Adjuntos, o ânimo e dedicação de todos os meus colaboradores.(…)
Devo terminar. O caminho dos próximos quatro anos será trabalhoso para todos nós, na Provedoria de Justiça." (...)
Excerto do discurso que proferiu na Assembleia da Republica, a 9 de Julho de 2004, durante a cerimónia de posse como Provedor de Justiça (segundo mandato)