quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

2010-2013


Em fins de Janeiro de 2010, nasceu o “Ouvidor do Kimbo”. Três anos! Nas palavras do Henrique “um blogue de memórias e de saudades, de poesia, de estórias e comentários políticos”. O Henrique morreu em Abril. O blogue aí estava, presente, desafiando-nos. Não nos foi possível ignorar a sua existência. Sentimos necessidade de o continuar, de tornar públicas as palavras do Henrique, as suas reflexões, os seus pensamentos, as suas ideias, (acerca da política, da sociedade e do mundo). Tornou-se imperioso partilhá-las com quem nos lesse. Tanto que ele deixou! Tantos textos escritos, tantos valores, “tanta vida”! Hoje, quase três anos passados, em todos os post e, em cada um, encontramos sempre aquele menino do quimbo que o Henrique nos deu a conhecer no mês de Janeiro de há três anos. Esse menino que ao caminhar na vida se transformou num líder, num adolescente brilhante que escrevia contos, reportagens, fazia discursos e dizia dele próprio:
«Sei perfeitamente que não fui destinado a aumentar a legião dos que andam na vida por andar… Que Deus me ajude e me torne no Homem que sei que sou capaz de ser. Lutarei com o fito ardente e elevado de ser alguém prestável à Humanidade e à sua terra».
Sim foi esse menino, esse adolescente, esse Homem com África no seu ADN, para quem a liberdade era inegociável, (« Eu quero chegar à janela, ver um saguão, e, para além do saguão, ver a vida viva».), que fez , numa lenta, progressiva e trabalhosa conquista,  um caminho de vida onde todos os seus sonhos foram concretizados. O seu amigo e médico, Miguel Toscano, disse-me um dia: “O Dr. é um estóico.”
Talvez fosse, não sei. O que sei, é que era um homem com uma vontade férrea, de convicções muito fortes, e que dizia: “Fazei, Senhor, com que consiga compreender melhor e amar cada vez mais esse que é o eterno milagre da vida.”  “Não, eu não quebro já, nem nunca quebrarei”.
 “Eu sei, Senhor; que tenho qualidades para vencer; eu sei, Senhor, que não sou nenhum génio, mas, sei que sou capaz de ser um grande Homem. Uma única prece, Senhor, eu vos faço: ajudai-me, a encontrar em qualquer encruzilhada da minha vida, aquela seta e aquela tabuleta que estão gravadas dentro de mim: “Vai, vai e vencerás”. Se assim o permitirdes, Senhor, eu prometo que irei e prometo que vencerei.”
Sim, este é o herói, das histórias que contamos. O menino do quimbo de Angola, o líder do liceu, o Homem que, (de acordo com a sua consciência), decidiu o fim da sua vida pública. Este é o Herói de uma história de vida, que retomamos agora no seu último posto: o de Provedor de Justiça do seu País.
Neste início de ano de 2013, os nossos votos individuais como família: absorver os seus valores, honrar e transmitir o seu legado, fazer da nossa vida, o que o Henrique fez da sua.