sábado, 2 de fevereiro de 2013

DEPOIS DE NÓS OUTROS VIRÃO


O Henrique era um homem de projectos, não de projectos pessoais, mas de sonhos, de realizações e de conquistas. Projectava, sonhava, realizava. Em equipa. Era habitual ouvi-lo dizer: “quem está comigo, está comigo! Quem não está… pode sair”. Tinha a dureza dos que olham em frente, sem estremecer, e, a  enorme doçura da dádiva, do envolvimento dos “outros”, nesse caminhar.
Um dos sonhos que trouxe consigo, quando deixou a Provedoria de Justiça, foi o de criar uma Associação Lusófona dos Provedores de Justiça.
Em 2004 e 2005, nos I no “II Colóquio  Luso Brasileiro de Ouvidores Públicos/Provedor de Justiça”, o Henrique afirma:
“ Disse-vos que ambiciono mais longe, para o espaço da lusofonia. Timor –Leste foi o primeiro país da lusofonia, depois de Portugal, a instituir o seu Provedor de Justiça e dos Direitos Humanos, ainda recentemente. E Angola foi o primeiro país africano de língua portuguesa a criar o seu Provedor de Justiça.
Cabo-Verde por seu turno, acolhe na sua constituição a figura do Provedor de Justiça.
Eu espero que o seu exemplo frutifique nos outros países africanos de língua portuguesa (…), e auguro que, um dia, todos juntos, angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, portugueses, são-tomenses e moçambicanos possamos criar uma Associação ou Federação dos Provedores/Ouvidores de fala portuguesa, que congregue as nossas instituições de Ombudsman, dos oito países, cada um com as suas particularidades, ‘todos diferentes todos iguais’.
(…) E a partir desta iniciativa dêmos as mãos, construamos o futuro – sonhemos juntos, forjemos obra comum.
(…) Depois de nós, outros virão. Mas que nunca digam que nada fizemos. Nós já fizemos.

Brasil - João Pessoa 21/23 de Junho de 2004
Portugal – Lisboa 30 e 31 de Maio de 2005