terça-feira, 15 de setembro de 2015

ORAÇÃO DA MANHÃ


Todos os dias te procuro

Te olho

Te vejo

Te toco

Todos os dias te encontro


No infinito

terça-feira, 25 de agosto de 2015

AGOSTO DIA 26


No silêncio te encontro.
No silêncio te vejo.

Te encontro
Te vejo

Na imensidão de mais um dia

Me vês e me encontras
Na brisa dessa promessa

(mesmo que a morte nos separe)

há meio século trocada

Me vês 
Me encontras

No silêncio


Te encontro
Te vejo

Qualquer dia

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

À CONVERSA CONTIGO


Três de Agosto. Dia dos teus 75 anos. Dia de família. Dia de férias. Tu já não estás. Meses, anos. De ausência. De falta. De saudade. Quantos? Não interessa.
Começo a ler-te. O tempo pára. A eternidade dilui-se, desfaz-se. Num repente, estás aqui. Estamos juntos. Em família. Apetece-me dizer: Parabéns, Henrique.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

NO LIMIAR DO ESQUECIMENTO

O passado faz-se presente. As memórias seguem-se como vagas. São memórias datadas no limiar do esquecimento.
Será que 1958 existiu? Escrevias então! “Para mim começou uma nova vida.” (…Angola tinha ficado para trás….) “Eu poderei, aparentemente, parecer modificado. A vida na metrópole, talvez mo venha a exigir; mas no fundo, cá no íntimo, eu serei sempre o que tenho sido, porque os meus Pais têm orgulho nisso, os meus filhos também o hão-de ter…e eu também!
Queria que soubesses – que eu, serei eu, por toda a vida! Sempre, porque estou plenamente convencido, sem vaidades, que este é o caminho que eu devo trilhar, para ser um homem de bem, honrado e digno”.

2015…. O tempo não parou, Não fez pausas – para sentir, para pensar, para recuperar pequenos nadas que se foram perdendo ao longo da vida.
Tu és memória, exemplo. Referência ética. Na família. No País. No partido. Só a saudade faz com que  tudo pare no tempo.


domingo, 12 de abril de 2015

ESTE É O TEMPO

“Este é o tempo”. Da Memória. Da Saudade. Cinco anos


 “Este é o tempo
Este é o tempo 
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades 
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite 
Densa de chacais 
Pesada de amargura”

……………………………
Sophia de Mello Breyner

in Mar Novo 1958 

domingo, 22 de março de 2015

O SÉTIMO PROVEDOR DE JUSTIÇA



Sabes, Henrique, estive na Provedoria de Justiça. Dia 18 de Março. Encontrei os teus colaboradores e amigos. Todos. Dia importante. Dia de memórias….. recordações….. Os olhos….. diziam uns. O sorriso…. diziam outros….. Saudades….. diziam todos. Pois é, meu amor, 40 anos na vida de uma Instituição obriga a comemorações. Desta vez foi a inauguração da “Galeria de retratos a óleo dos antigos Provedores de Justiça". Lá estavas tu, O Sétimo Provedor. Gostei do quadro. E lembrei-me de palavras tuas. Escritas. Precisamente há 10 anos. Disseste:


“As Instituições são o que são os seus protagonistas. O cargo não se detém: exerce-se, faz-se, cumpre-se. E o mandato encerra, por natureza um estilo de ser e fazer que revela a inultrapassável individualidade do seu titular. É justo realçar, pois, o acerto com que sempre o nosso Parlamento procedeu à escolha dos seis Provedores de Justiça que me antecederam: Costa Brás, Magalhães Godinho, Pamplona Corte- Real, Almeida Ribeiro, Mário Raposo, Menéres Pimentel. Prova disso é que sabemos recordar os seus nomes. Nomes de Provedores de Justiça, pois.”

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

FAÇO HOJE VINTE ANOS

Carta ao meu neto, (que faz hoje vinte anos).

“Faço hoje 20 anos. Vinte anos é uma idade em que o sonho vai ficando para trás para dar lugar às responsabilidades.
……………………………………………………………………
A vida é o que está em frente e não o que ficou. As preocupações não resolvem nada: o que temos é que encarar as coisas como elas são ………
Não podemos ter descanso porque o tempo é escasso; por enquanto, não podemos sonhar.
 Só te peço que encontres em ti as forças necessárias para lutar sempre pela vida. Ela não é fácil, e por isso temos que encontrar dentro de nós a vitalidade suficiente para nunca desanimar.
 É isso que eu quero que tu me prometas. Desaires, todos têm e nós não podemos escapar-lhes. Mas há que lutar, lutar com todas as forças, porque o resto… o resto virá!
Tenho vergonha de mim quando não estudo o suficiente. Não pretendo ser um grande aluno. Quero apenas, cumprir o que devo.
 Quero mostrar a mim próprio que posso sonhar porque tenho esse direito. Quem não luta não tem direito a ter sonhos. Temos que renunciar a determinadas coisas que nos agradam para nos dedicarmos a outras. É assim agora enquanto estudamos, será assim depois, sempre.
Nunca te esqueças, a vida é renúncia de uma coisa para se conquistar outra. Se não quisermos acreditar, se quisermos continuar a viver tudo ao mesmo tempo, então acabamos por não agarrar nada.”

Luanda 3 de Agosto de 1960


Henrique Nascimento Rodrigues