Há poemas que se escrevem numa
vida inteira. A 26 de Julho de 1958, (um ano depois de deixarmos o Lubango), eu
perguntava ao meu amigo Henrique:
“Porque será que os anos se escoam tão depressa, quando há dias tão longos que
levam uma vida a passar?”. Mais de meio século vivido, faço a mesma pergunta:
porque se escoaram os anos tão depressa? Em 2006, no regresso ao Lubango, encontrei
a resposta: não se passaram anos, mas um longo dia que, contigo, levou uma vida
a passar.