Encontrei esta
história, real, no livro de Adriano Vasco Rodrigues intitulado: “De Cabinda ao
Namibe” - Memórias de Angola, na segunda
edição de 2011.
É a história de um
jovem nascido numa aldeia da região da Guarda. Nos anos 20, do século passado, termina o então 7º ano dos liceus. É o segundo de nove irmãos. Tem que dar rumo
à vida. Procura emprego. Concorre, assim, ao Quadro Administrativo das
Colónias. É aceite. Embarca para Angola. Viagem longa, beliche estreito, tão
estreito, que passa os dias no convés. Os enjoos, o calor insuportável, a isso
o obrigam.
Luanda era, à época,
uma cidade poeirenta. Longos muceques ou areais cobertos de cubatas e casas
rasteiras. Calçadas, meia dúzia.
Depois de um estágio
breve o nosso jovem é enviado, como “Aspirante”, para os Luchazes, nos confins do planalto
angolano. Quarenta e quatro dias de marcha interminável a pé ou de tipoia.
Encontro com os embondeiros. Travessia do Quanza em jangada. Para lá do Dondo
uma dolorosa subida para o planalto.
Atravessa, espantado,
os altos morros da Kibala, comparando-os com os cumes agrestes da sua Serra da
Estrela. Percorre as chanas e as planuras do Bié. Passa por aldeamentos.
Pernoita em cubatas. Finalmente, entra no território dos Luenas governado por
uma rainha.
No povoado, que lhe
destinaram, foi durante anos o único branco, nem padres, nem comerciantes, nem
militares.
Viveu numa cubata de
colono até construir com a ajuda dos africanos, a sua própria casa de adobe.
Jornais e notícias não havia. Rádio não existia. O que se passava em Lisboa e
em Luanda ignorava-o.
Naquela área as
populações africanas andavam em revolta por causa do sal. Os brancos prometeram
levar-lho mas faltaram à promessa.
Para resolver o
assunto foi ao Moxico Velho. Reclamou um saco de sal e distribui-o,
equitativamente, ganhando a confiança das gentes.
Anos mais tarde regressa à Metrópole para terminar os estudos na então Escola Superior Colonial, (mais tarde Instituto Superior de Estudos Ultramarino).
Termina a sua carreira como Governador do Distrito da Lunda.
Anos mais tarde regressa à Metrópole para terminar os estudos na então Escola Superior Colonial, (mais tarde Instituto Superior de Estudos Ultramarino).
Termina a sua carreira como Governador do Distrito da Lunda.
Esta é a história do bisavô
dos meus catorze netos. O seu nome, António do Nascimento Rodrigues.