Este pequeno texto foi escrito, e, publicado em Janeiro de 1983. O Governo da AD, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, estava demissionário. Em cima da mesa, um nome para o substituir na chefia do Governo. Vendia-se ouro do Banco de Portugal para fazer face a necessidades imediatas. O FMI intervinha em Portugal. Adivinhavam-se, em plena crise, eleições antecipadas. Um panorama político tão semelhante ao actual…
É neste sentido que alguns propõem a “reforma do reformismo”, expressão sugestiva que tem a ver com a necessidade de se encontrarem respostas, pragmáticas e diferentes das tradicionais para ultrapassagem da crise.
Esta tem para o nosso País, devido a factores conhecidos, reflexos particularmente graves. Razão acrescida, pois, para que avancemos com propostas muito concretas, bem assentes no condicionalismo português, que consigam motivar o nosso povo para a repartição equitativa dos sacrifícios a que não podemos escapar.
Diria, em suma, que é preciso avançar com determinação e com vontade em medidas que são ditas impopulares, mas que são imprescindíveis. Medidas faseadas e equilibradas.
Faseadas, porque o contrário significaria, afinal a ausência de um verdadeiro projecto viável de desenvolvimento. E equilibradas no sentido de que à coragem de romper de vez com bloqueios que se instalaram na nossa sociedade se deve contrapor a procura permanente do mais largo consenso social.
Bem sei que isto é difícil, poderá até ser contraditório. De acordo. Mas julgo que tudo dependerá, exactamente, de uma gestão lúcida e perseverante dos equilíbrios sociais".