O Henrique escreveu este pequeno texto no último dia do,
segundo ele, pior ano da sua vida, 1958. A pergunta que faz a si próprio,
fazemo-la todos nós no balanço do ano que agora termina. Por isso é intemporal
e, aplica-se, também, a este final de 2011.
“Faltam apenas 3 horas para morrer este
celebérrimo ano. Mas na vida existirá porventura algum ano que não seja
“celebérrimo”?... (2011) “não fugirá à regra, também é um ano celebérrimo. Mas foi mais do que os outros anos e só uma
dúvida cruel me assalta o espírito neste momento e me faz ter medo de responder:
foi bom ou foi mau? Todo o conceito de
bom e mau é relativo; relativo, porque,
partindo de uma base como aquela em que eu vivo, poderemos achegar-nos à
sacramental pergunta: - que mais deseja senão pão para a boca e um lar quente?.
- Vendo as coisas sob esse aspecto, é lógico que eu não posso definir este ano
como melhor ou pior do que os outros. Foi um ano igual, foi um ano bom, enfim!
Mas houve outras coisas que, não chocando com este conceito de bom, influíram
nestes já quase passados 365 dias. Analisando-os
a dúvida subsiste: foi bom ou mau?"
Lisboa 31 de Dezembro 1958