
Não se trata de interferir na vida sindical! Os trabalhadores e militantes sindicais sociais democratas têm dado sobejas provas de que sabem lutar pelo sindicalismo democrático, livre e independente. Não poucas vezes temos visto dirigentes sindicais que se reclamam do reformismo social-democrata à frente de acções grevistas e na primeira linha de combate laboral e social. Temo-los visto actuar e dirigir greves, tanto nos governos anteriores em que o PSD esteve fora da governação, como nos Governos da própria AD. E sempre o nosso partido respeitou essa independência, porque ela faz parte da essência do nosso programa e é suporte irrecusável do nosso projecto e prática política.
Mas a independência sindical que temos respeitado, e o direito à greve que temos reconhecido e garantido aos trabalhadores portugueses, não podem ser utilizados para se capturar o poder político, sobretudo quando essa captura revela finalidades revolucionárias e antidemocráticas.
A acção sindical não se confunde com acção partidária, sob pena de se denegrir e deturpar o verdadeiro sindicalismo. A voz dos trabalhadores não pode identificar-se com a voz dos dirigentes e forças partidárias.
Os trabalhadores portugueses têm o direito de ser livres. E esta liberdade compreende, naturalmente, o direito de os seus sindicatos não serem considerados, e usados como “grafonolas” de forças politico -partidárias.
E por isso a nossa mensagem aos portugueses, e em particular aos sociais democratas, não pode deixar de ser só uma: no trabalho livre e dignificado, na solidariedade conscientemente assumida, na responsabilidade da coragem individual e colectiva – Portugal será democrático, o caminho da estabilidade e da paz, da recuperação económica e da justiça social não será arredado
Fevereiro 1982