Que política de alianças para depois das eleições de 25 de Abril de
1983? Será possível um acordo com o CDS, sem excluir o entendimento com o PS?
Nascimento Rodrigues – “Afirmamos no nosso manifesto eleitoral: se
os resultados eleitorais proporcionarem ao PSD uma votação forte e expressiva,
no quadro de repetição da vontade popular de 79 e 80, então isso significa que
o eleitorado pretende que o PSD tome a iniciativa de se dirigir, em primeira linha
ao CDS. Respeitaremos essa vontade. Caso contrário, e sempre no pressuposto de
recolhermos um resultado de significativa confiança, tomaremos a iniciativa de
negociar quer com o CDS, quer com o PS.
Em qualquer caso, o importante é sublinhar isto: ou o eleitorado entende
que o PSD é o partido a quem deve conferir a liderança do processo de formação
de um Governo de legislatura, e então é necessário que o demonstre pelo voto,
ou entende que outro partido deve ser o motor desse processo e dá-lhe a
necessária confiança. Neste último caso, nós retiraremos a conclusão, que é
genuinamente democrática, de que outros, que não o PSD, devem assumir as
correspondentes responsabilidades. A opção é clara e simples e, sobretudo,
democrática: se os eleitores não nos escolherem, não seremos nós, depois, a
fazer-nos escolhidos!
Só antevejo a eventualidade de uma coligação tripartida PSD/PS/CDS em
circunstâncias de todo em todo excepcionais, que do meu ponto de vista não se
verificam e não são pressentíveis. É necessário que haja opções diferenciadas,
é imprescindível que o regime mantenha, em plenitude, as possibilidades de
alternativas democráticas concretas.
Uma coligação daquele tipo colidiria com este propósito. A porta
ficaria aberta apenas para as oposições extremistas de esquerda e de direita,
ou para soluções de referencial suprapartidário e cariz messianista. Esse não é
o caminho da consolidação e enriquecimento da democracia pluralista, que queremos
para Portugal.”
IN “ O Tempo” 7 de Abril de 1983