Difícil,
o ano de 1982! A revisão da Constituição só é aprovada em Setembro. Há agravamento
da crise económica e financeira. Torna-se necessário a venda de reservas de
ouro do Banco de Portugal. O FMI vem a Lisboa. Na política partidária
acentua-se um movimento (em ambos os partidos), tendo em vista a institucionalização
da AD e, o apagamento progressivo do PSD. Para isso tornava-se importante desacreditar
quem pensasse em sentido contrário. O Henrique foi envolvido nessas guerras,
quer por militantes do PSD, quer do CDS. Não foi fácil!
No meio
de tudo isto, greves gerais desencadeadas pela CGTP-IN (Fevereiro e Maio). Uma
pergunta pairava nos órgãos de comunicação social:
Como é
que as greves decretadas pela CGTP tinham uma adesão que ultrapassava de longe
a efectiva implantação do Partido Comunista? Questionado sobre este assunto
respondeu o Henrique.
N.R. – “Penso que, fundamentalmente, por duas razões: por um lado, porque em
determinados sectores, nomeadamente nas empresas públicas, não desapareceu
totalmente o ambiente de receio e de temor criado, anos atrás, pelo PC quando
hegemonizava o poder sindical. E, por isso, muitos trabalhadores que não são
comunistas ainda hoje ou têm receio ou estão suficientemente descontentes para
lutarem contra esse ambiente que ainda perdura. Em segundo lugar, é facto real
que os trabalhadores sentem que os seus salários não acompanham em tempo
oportuno, a degradação sofrida no respectivo poder de compra. Seria necessário,
por isso, prosseguir com firmeza e verdade uma política salarial justa que se
fizesse acompanhar, por consenso, de medidas de aumento da produtividade. Não é
possível distribuir mais riqueza se não criarmos condições para que exista mais
riqueza. E isso passa por um esforço conjugado de trabalhadores, quadros
técnicos, empresários responsáveis
governamentais, em suma das forças políticas e sociais”.
Será
que a Intersindical poderá ainda participar no consenso democrático tão
necessário à recuperação do País?
NR – Se a Inter não
quiser entrar é ela que se auto marginaliza da construção do futuro. Nunca
poderemos identificar o tipo de militância e estrutura organizativa dos
partidos democráticos com as do PC. Está aí a raiz da diferença entre
democracia e o totalitarismo. Os partidos sociais – democratas vivem uma
liberdade e possibilidade de discordância que torna, aparentemente, difícil a
capacidade de resposta ao PC. Mas é essa mesma liberdade a semente mais
importante da resposta a dar às tentativas de implantação comunista. E volto a
falar no consenso: o que está em causa são questões de regime e, creio as
forças democráticas, sob pena de inviabilizarmos o nosso futuro, saberão dar a
resposta adequada.
O
colapso da AD dá-se em Dezembro a seguir
às eleições autárquicas.
Freitas
do Amaral e Pinto Balsemão, demitem-se quase em simultâneo do CDS e do PSD
Pinto Balsemão
mais uma vez apresenta o pedido de demissão como primeiro ministro. Desta vez
não volta atrás.