1983 – Período pré legislativas. Discussão do Manifesto Eleitoral do
PSD redigido pelo Henrique na qualidade de membro da “troika” que liderava o
partido.
Pergunta do Jornalista:
“No Manifesto Eleitoral afirma-se que o “CDS abriga um conservadorismo
alienante, recém vestido de nacionalismo liberal” e classificam-se as suas
propostas como sendo “soluções esgotadas”. Privilegiar uma aliança com o CDS
não será, pois, oposto aos princípios e à ideologia sociais – democratas?”
Nascimento Rodrigues – “ Os
princípios e prática da social-democracia diferenciam-se nitidamente, como
disse há pouco, quer do conservadorismo, ainda que disfarçado agora de
nacionalismo liberal, quer do socialismo colectivista, estatista e amarrado a
complexos marxizantes, mesmo quando este promete à última hora “
social-democraitzar-se”.
Só seremos Governo com um voto muito forte do eleitorado. Porquê?
Exactamente porque só nessas condições será possível promover alianças em cujo
âmbito não sejamos influenciados, ou arrastados para um lado ou para outro,
qualquer deles negativo e ineficaz face aos desafios da crise económica e da
modernização e desenvolvimento do País. Só seremos Governo, portanto se, nos
for possível conduzir uma política de sentido reformista, de conteúdo concreto
e ajustado às nossas realidades, com as adaptações que se justificam,
naturalmente, em qualquer acordo político e que não ponham em causa o núcleo
essencial das nossas propostas políticas. Não queremos impôr contratos leoninos
a outros, mas não aceitamos também participar nunca como figurantes secundários
na nossa vida política e no Governo do País.
As soluções de pendor conservador comportam, forçosamente, a aceitação
de um radical e destruidor confronto político e social, com todas as
consequências de instabilidade incontrolável que se adivinham. Por outro lado,
as soluções de pendor colectivista e estatizante não são mais do que uma outra
forma de conservadorismo.”
IN “ O Tempo” 7 de Abril de 1983