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No dia 12 de Janeiro o Henrique concede uma entrevista ao “Povo Livre” órgão
oficial do PSD
Povo Livre – Como é que encara a situação política actual?
N.R. “Seria, no mínimo, estranho que
num partido como o nosso se registasse uniformidade de opiniões a respeito do
momento político que atravessamos, e que é delicado. Caso esteja certo na
perspectiva que tenho acerca do sentir da maioria dos nossos militantes,
responder-lhe-ia, porém, que, há um grande desejo que o novo Governo seja capaz
de formular e levar a cabo, no contexto das constrições económico-financeiras
conhecidas e no quadro de uma orientação de reformas democráticas graduais viáveis,
uma política de reequilíbrio orçamental e de diminuição do endividamento
externo, de moralização da Administração Pública e do sector empresarial do
Estado, de contenção do crescimento da inflação, de recuperação nos desvios ao
financiamento orçamental por via das receitas fiscais e outras, de ataque aos
abusos na utilização de direitos sociais, de rigoroso controlo na aplicação
efectiva do crédito concedido, de promoção de condições para uma produtividade
empresarial que a concorrência internacional exige não se esconda sob o
argumento capcioso de que é impossível porque a lei da greve obsta ao
desenvolvimento económico, ou de que não é possível sem a intangibilidade do
actual quadro normativo de garantia, tantas vezes artificial, dos postos de
trabalho – e muito mais que compete traçar num programa de Governo e não nesta
entrevista, como é evidente.
Creio, em suma, que existe no Partido um crédito de esperança e uma
margem significativa de apoio ao Governo, que desejamos que seja rapidamente
constituído, para que também rapidamente faça o que tem que fazer: governar. Os
que não acreditam que digam então como é! Mas que se diga sem a ligeireza fútil
da crítica vazia de apresentação concomitante de alternativas concretas de
soluções.”
IN “ O Povo Livre 12 de Janeiro de 1983