- Kuakié!... Makèzú
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O pregão da avó
Ximinha
É mesmo como os seus
panos
Já não tem a cor
berrante
Que tinha nos outros
anos
Avó Xima está velhinha
Mas de manhã,
manhãzinha
Pede licença ao
reumático
e num passo nada
prático
rasga estradinhas na
areia…
Lá vai para o cajueiro
que se levanta
altaneiro
No cruzeiro dos
caminhos
Das gentes que vão
p’ra Baixa.
Nem criados, nem
pedreiros
Nem alegres lavadeiras
Dessa nova geração
Das “venidas de
alcatrão”
Ouvem o fraco pregão
Da velhinha
quitandeira.
- “Kuakié!... Makèzú,
Makèzú…”
- “Antão, veia, hoje
nada?”
-“ Nada, mano
Filisberto…
Hoje os tempos tá
mudado…”
- “ Mas tá passé gente
perto…
Como é aqui tás fazendo isso?”
Como é aqui tás fazendo isso?”
- “ Não sabe? Todo
esse povo
Pegô num costume novo
Qui diz qué
civilização:
Come só pão com
chouriço
Ou toma café com pão
E diz ainda pru cima
(Hum… mbundu kene
muxima…)
Qui nosso bom makèzú
É pra véios como tu”
- “ Eles não sabe o
que diz…
Pru qué qui vivi filiz
E tem cem ano eu e
tu?”
- “ É pruquê nossas
raiz
tem força do
makèzú!...!
Viriato da Cruz
IN" Antologia Temática de Poesia Africana
na noite grávida de punhais
Mário de Andrade 1975
IN" Antologia Temática de Poesia Africana
na noite grávida de punhais
Mário de Andrade 1975
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