Escrito pelo Henrique, em 1958.
Tinha 17 anos. Frequentava o 1º ano da Faculdade de Direito da Universidade
Clássica em Lisboa. Sonhava com uma Angola, livre, independente para poder
crescer, mas mantendo a sua ligação umbilical a Portugual.
VINDE!
Vinde olhar o milho
dos campos
o trigo das searas
loiras;
mirai o café,
o cacau e a borracha,
o gengibre e a
ginguba,
o rícino,
o sisal e o tabaco,
o coração da terra
que desabrocha em
flor para o futuro;
reparai nas gentes;
escutai o chiar das
noras,
o mugir dos bois nos
campos arroteados,
o cântico dos
cavadores
no botar e colher das
sementeiras;
atentai bem no
pequeno e no grande,
no mau e no bom.
VINDE!
Cidades se erguem
na lonjura dos horizontes
estradas vêm correndo
como fitas brancas na
verdura do solo.
Represas e barragens
se quedam
através da torrente
caudalosa dos grandes rios
Vereis,
Angola crescida e
gigantesca
a confirmar
de forma inequívoca
como o génio da Raça
criou e moldou
a terra mais bela
das terras em que a
Raça trilhou.
Lisboa 1958