“
O jovem licenciado Nascimento Rodrigues resolve ficar na metrópole… Tinha ganho
carinho pela terra que o acolhera… Ingressa na carreira técnica da função
pública, no então designado Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra, um
organismo dedicado a programas laborais, às questões da área da formação
profissional, do trabalho e da contratação colectiva. “ Era uma função multidisciplinar. Foi
por aí que comecei a enveredar pelas questões laborais”.
É então que se inicia a longa ligação de
Nascimento Rodrigues ao mundo do trabalho e das inúmeras questões a ele
associadas. Grande parte da aprendizagem académica que realiza recai,
precisamente, sobre o Direito do Trabalho. Agora ao olhar o passado, vê que não
podia ter seguido outro caminho; era essa a sua vocação. (…)
Nos primeiros anos da democracia, o nome
de Nascimento Rodrigues já pesa no meio político e económico. Na década de 80,
tem uma imensa actividade parlamentar, chegando inclusive a presidir à Comissão
Parlamentar do Trabalho. Em 1981, é Ministro do Trabalho do VII Governo Constitucional.
“Tracei como meta o que
denominei de Diálogo Social Alargado. Estávamos em 1981, numa altura em que
falar de diálogo social alargado era sujeitar-me a que uma parte das camadas
sociais me apelidasse de fascista ou reaccionário”. As condições político-sociais e económicas
não o ajudam. Não obstante não tem dúvidas em afirmar que era por aí que as
relações de trabalho deviam caminhar. O tempo deu-lhe razão. “ Tivemos na, altura, iniciativas do
Fundo Monetário Internacional, em relação a Portugal, que nos obrigaram a
certos sacrifícios com repercussões na área do trabalho. Essa foi uma das
razões que me levaram a sair do Governo e a deixar a pasta de Ministro do
Trabalho. Não quis aceitar as medidas do FMI, porque sempre defendi que as
coisas deviam ser feitas a partir do diálogo social e da concertação. Posso por
isso dizer, com algum orgulho, que fui o precursor da ideia, que naquela altura
não se conseguiu realizar, mas que mais tarde se veio a comprovar ser a melhor
solução”.
Lisboa,
Fevereiro de 2003, In “Pessoal”, revista da Associação Portuguesa de Gestores e
Técnicos dos Recursos Humanos.