"A justiça social exige combate ao desemprego, que temo, possa aumentar
gravemente.
A crise, é também de todo um povo que ainda não conseguiu afirmar-se
colectivamente. Não há curas nem soluções milagrosas. É preciso que haja
consciencialização patriótica nomeadamente quanto aos problemas económicos. Não
se deve esperar do Estado o que não é viável que o Estado conceda. Na actual
situação de crise interna e externa não parece que seja avisado encarar o
conteúdo das compensações sociais pela mesma forma por que era encarado há uns anos."
(Março de 1983)
"É incontroverso. O mundo do trabalho mudou, porque mudaram as
estruturas produtivas, os comportamentos sociais, a própria estrutura familiar.
Nem tudo muda ao mesmo tempo e da mesma maneira, como é evidente".
Lisboa 1993
"Mas é preciso perceber que não é
possível recuar no tempo. Tal como é imperioso avaliar se o tempo do futuro é
um tempo de evolução sem roturas na coesão económica e social nuclear do país,
sem a qual arriscamos convulsões cujo desfecho seria imprevisível
Esta é, apenas, uma parte da mudança que atravessamos. Esta vai mais
fundo e mais longe e apela à reconsideração do nosso modelo social no seu todo,
por forma a que seja mais equitativo e menos igualitarista, mais parcimonioso
para quem não precisa e mais justo para quem precisa, mais apelativo à
responsabilização individual e menos difuso na socialização em que ninguém é
alguém e todos não somos nada.
Talvez por aqui se reintroduza a imemorial exigência da dignidade de
cada pessoa."
Lisboa 2005