Durante uma entrevista concedida ao Jornal “Comércio do
Porto”, e a propósito da constituição da comissão consultiva tripartida, o
jornalista faz esta pergunta:
C.P. Quando fala em parceiros sociais integrantes da
comissão a quem se refere?
N.R. “ À UGT, à CIP, e à Confederação do Comercio”. Foram
estas as confederações que responderam positivamente, no decurso das
conversações que estabeleci com todas as confederações de trabalhadores e
empresários.”
C.P. Porque não participa a CGTP-IN? Acha que não é
conveniente inseri-la na comissão?
N.R. “A comissão está aberta a todos os parceiros sociais.
Eu não marginalizei nenhum. Se a CGTP não participa é porque entende que não é
do seu interesse. O problema é da CGTP não é meu”.
C.P. Mas acha que a iniciativa tem algum valor sem a
intervenção da CGTP?
N.R. “ Claro que tem! Em primeiro lugar, trata-se de uma
iniciativa marcadamente democrática, uma tentativa de organização de um face a
face social. Quaisquer que venham a ser os resultados finais concretos, e sejam
eles de divergências ou de aproximação de pontos de vista a participação de
três confederações significa que se deu um passo em frente no campo do
relacionamento social. Faz-se prova de quem está, no nosso país, disponível e
disposto a discutir os problemas ao redor de uma mesa de uma forma civilizada.
Em normalidade democrática não se entende que a rua seja o melhor forum de
debate dos problemas e que os “slogans” de propaganda resolvam o que quer que
seja.
Trata-se, portanto de uma experiência que se for utilizada
com empenhamento total e lúcida serenidade, pode abrir enormes perspectivas para uma certa consensualização social.
E esta é a chave dada
para a resolução acertada de muitos dos problemas do nosso desenvolvimento."
C.P. Mas não receia que a CGTP boicote a ideia e os
resultados desta experiência?
N.R. “ Eu julgo que cada um tem que assumir, neste processo,
as suas responsabilidades. Eu assumi as minhas. Os parceiros sociais assumem as
suas. O nosso povo tem o direito de saber quem se recusa, e porquê, a tentar uma
experiência que não tem precedentes em Portugal, mas é claramente inspirada por
valores e objectivos democráticos. A participação na comissão não envolve
quebra de independência antes possibilita um livre confronto de ideias. Fugir
ao debate democrático e participado é que pode ser entendido como sinal de
fraqueza”