
Este texto foi escrito nos dois
dias seguintes ao meu Pai morrer.
Tive que o colocar no papel para
não me esquecer dele. Tive que o colocar no papel para lhe dizer (a ele e a
mim) tudo o que me ia na alma. No final senti-me sereno e em paz com a minha
vida e com a morte dele. Os próximos tempos vão ser difíceis mas os que virão depois
ainda mais difíceis pois a sua memória irá fugindo.
E por isso escrevi. Para que eu
não me esqueça. Para que os meus filhos possam saber um pouco de quem ele foi e
aprender com o seu exemplo. Para que os meus sobrinhos no seu caminho possam
também ter um testemunho do tio que com ele se fez homem.
Para que os meus irmãos e a minha
mãe possam descansar um pouco no sorriso das nossas memórias.
Para quem quiser aprender com o
seu exemplo lhe possa falar sempre que quiser.
E para eu continuar a viver ao
som do seu pulsar.
Nuno
Faz 21 meses que o nosso filho
escreveu este texto.
Para que a tua memória não se
apague. Para que o teu exemplo crie raízes. Para termos o conforto dos teus
ensinamentos. Para sentirmos que estás presente.
Escrevemos todos os dias.