Como vimos o Henrique foi eleito como deputado
do PSD na sessão legislativa de 79-80, e presidente da Comissão Parlamentar do
Trabalho. Ainda na entrevista dada a 28 de Fevereiro ao Jornal “O Tempo”, às
perguntas do Jornalista:
1-Disse-se que a sua inclusão nas listas se
ficou a dever a uma reivindicação dos sindicalistas sociais-democratas.
Significa isto que haverá uma “ala sindicalista” nas bancadas do PSD e que
estaremos, então, perante um exemplo embrionário da prática seguida em partidos
social-democratas e socialistas da Europa Ocidental?
2- E que interpretação dá ao facto de ter
sido eleito presidente da Comissão de Trabalho da Assembleia da Republica?
Resposta do Henrique à primeira questão
N.R.
"Essa inclusão deveu-se à escolha do meu nome
pelos órgãos competentes do PSD, tal como aconteceu com os demais candidatos. É
possível que se tenha querido dar um espaço, nas listas do PSD, a pessoas
directa ou indirectamente ligadas à actividade sindical e ao mundo do trabalho.
Mas não vejo isso, senão como um facto necessariamente coerente com o perfil de
um partido social-democrata.
O que não é correcto, é configurá-lo como
resultado de qualquer imposição dos sindicalistas da TESIRESD. Estes
integram-se na bancada, em inteira solidariedade com os seus companheiros. Não
há deputados disto e daquilo, há apenas deputados do PSD. Que os sindicalistas,
dentro desse todo, manifestem maior vocação e sensibilidade para as questões
laborais ou que se revelem, pela sua própria experiência mais apetrechados para
a defesa dos interesses dos trabalhadores, eis o que me parece perfeitamente
natural.
Estou ao lado dos meus companheiros que
exercem funções sindicais, mas não sou sindicalista, embora compreenda e sinta
muito bem os seus problemas, na medida em que a minha actividade profissional,
de consultor jurídico laboral, me proporciona essa vivência".
Resposta à segunda questão:
N.R.
"Essa eleição não tem qualquer significado
pessoal, mas sim político. Exprime o reconhecimento desta simples mas muito
importante realidade: O PSD, pelo seu programa e prática política, é um partido
que encontra eco em vastas camadas de trabalhadores. Isso deve-se, em larga
medida, à actuação de dirigentes e militantes sindicais integrados na TESIRESD,
que tem sabido, no campo especificamente sindical, levar a cabo uma política
correcta de defesa dos interesses dos trabalhadores. Estou certo que esses
sindicalistas se manterão fiéis à linha de rumo que conduziu o sindicalismo
reformista de base social-democrata, ao lugar de relevo que justamente ocupa no
movimento sindical democrático."