“ (…)Muito mais do que uma crise estrutural profunda e prolongada – de
que as taxas de desemprego, a solidão da terceira idade, o alastrar das selvas
de barracas, a toxicodependência ou a desertificação rural e o caos urbanístico
são sinais inequívocos, mas também consequências de erros de concepção e
estratégia políticas e, por acréscimo causas e efeitos de novas chagas sociais,
no contexto do que parece um círculo sem saída – porventura mais do que a
preocupante crise estrutural, dizia, aquilo por que as sociedades e os Estados
da União Europeia estão a passar é já aurora de uma verdadeira metamorfose
civilizacional. Os contornos é que nos são, ainda, dificilmente perscrutáveis e
de avaliação incerta.
Perceber isto, porém, é já um avanço no esforço de conhecimento e na
reflexão analítica que se nos impõem.”(…).
Porto, 18 de Março de
1994