Partilha da ideia que quem é mais
sobrecarregado, a nível dos encargos fiscais, é quem mais trabalha?
Nascimento Rodrigues – “Seguramente,
são os trabalhadores por conta de outrem. É escandaloso o nível de fraude de
evasão fiscal no nosso País. A reforma fiscal é prioritária, a minha dúvida
está em saber se é apenas para mudar as leis, ou sobretudo para pôr a
administração fiscal e tributária a funcionar. Tirando casos excepcionais, o
que verificamos é que as inspecções não funcionam e há violação dos direitos
dos cidadãos. E depois há a reclamação para o Provedor ou o recurso para os
tribunais. O cidadão não acredita na administração pública, na classe política,
nos dirigentes, nos governos, e entramos em derrapagem. A Administração fiscal
e tributária precisava de ser reequacionada para ser mais operacional e
controlar melhor. Haverá sempre situações de fuga, isso é um problema de
cultura da própria sociedade. O Orçamento do Estado não tem as receitas que
precisaria para suportar as despesas, sobretudo as sociais, de que o País ainda
carece. A economia paralela é um cancro. As pessoas que trabalham na economia
paralela não têm protecção social, aí está uma área em que deviam actuar a inspecção
de Finanças e do Trabalho.”
IN “Jornal
de Leiria” 24 de Janeiro de 2002