O Henrique percebe que os parlamentares não
têm como prioridade a eleição do novo Provedor de Justiça. 2009 é ano de
legislativas. Acordo entre dois partidos que disputam eleições? Além disso há
luta “feia” pela liderança do PSD, o que lhe retira credibilidade para negociar
em força. Pela primeira vez em nove anos, assume publicamente, com veemência, a
determinação de se vir embora. Encosta o partido socialista à parede. A
entrevista - escrita - à revista Visão,
(19 de Março de 2009), e, passo a citar, “é um surpreendente manifesto de indignação.
Em que a artilharia pesada é disparada contra o PS, cujo “apetite” pelo seu
lugar lhe provoca críticas afiadas. (…)
“O PS já ocupa todos os cargos públicos, faz lembrar
Zeca Afonso: eles comem tudo” adiantando que “deveria caber ao segundo partido a escolha, embora por consenso, num
quadro mais vasto de equilíbrio de poderes. Foi o que fez Cavaco Silva como
primeiro ministro e também António Guterres e Durão Barroso (aliás a minha
primeira eleição foi no tempo de António Guterres e acho justo recordar isso).
(…) Quanto tempo entende o País que esta
situação pode ser prolongada? Sabendo-se que, em breve, vamos entrar em longos
períodos de pré campanhas eleitorais, o que objectivamente torna mais difícil
uma solução de consenso entre PS e PSD, o País acha admissível que o Provedor
continue refém destas circunstâncias até ao fim do ano – ou quem sabe, até
depois?”.
“O PS não gostou. Em conferência de imprensa
no final do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira, sem ir ao cerne da
questão, acusa o Henrique: “é lamentável que um Provedor de Justiça ainda em
funções quebre o seu dever de isenção para dar (ainda por cima por escrito) uma
entrevista de puro combate partidário”. E continua dizendo estranhar que,
Nascimento Rodrigues, “ em defesa dos interesses do PSD no acesso a cargos do
Estado, dê agora mostras de uma energia que não deu tantos sinais ao longo do
seu mandato”.
Nada do que se passou teria sido necessário. A
política tem coisas que o comum dos mortais não entende. Principalmente quando,
na família, só sentimos as consequência, nefastas, dos desencontros dos
Governantes.