IN “Jornal de
Negócios” Quinta-Feira, 4 de Junho de 2009
“O Provedor de Justiça tem sido o encarcerado
mais célebre de Portugal. Com ele não há presunção de inocência. Para o PS e o
PSD, até prova em contrário, a sua tentativa de sair de um cargo para o qual
foi eleito em 2000, mostra a sua culpabilidade. Qualquer que ela seja, talvez
até estar há um ano à espera que elejam uma qualquer personalidade para o
substituir. Nascimento Rodrigues está farto, o que é compreensível. Mas
acontece que quer, após nove anos, ir à sua vida. Mas não o deixam. Dentro do
espírito retrógrado com que encaram a democracia (uma dança de cadeiras onde há
lugares marcados para cada um), PS e PSD não conseguem chegar a um acordo. Que
defenda o interesse dos cidadãos e não, apenas, a gulodice dos partidos. O que
se tem passado com a eleição do Provedor de Justiça é mais grave do que se
pensa. Mostra como a partidarização da administração pública portuguesa se
tornou uma monstruosidade. Que amarra a sociedade civil à vontade dos
principais partidos portugueses. O PS e o PSD consideram-se pai e mãe da
democracia portuguesa. Dividem o país e os cargos do Estado. E sufocam, com
esta partilha a democracia. O drama de Nascimento Rodrigues é que, em nome da
liberdade o colocaram numa gaiola. Porque nem o PS nem o PSD têm a chave para a
abrir. Porque são incapazes de soletrar a palavra liberdade.”
Assina – Fernando Sobral