Ao ler um
recorte do Diário Económico de 6ª feira, 20 de Março de 2009, tive a estranha
sensação de estar presa no tempo. Em causa, nessa notícia, a substituição do
Henrique à frente da Provedoria de Justiça.
Dizia o
Diário Económico: “ Eles não se entendem – PS e PSD estão divididos em todas as
áreas estruturantes o que tem dificultado o consenso e adiado decisões. Foi
assim com as leis eleitorais, com os grandes investimentos do Estado, com a
data das eleições em 2009, com as medidas contra a crise e está a ser agora,
com a escolha do novo Provedor de Justiça (…)
A escolha do
próximo provedor de Justiça é apenas mais um episódio, que deverá prosseguir
com o PS a indicar mais um nome que se arrisca a ser chumbado pelos
sociais-democratas. A razão é simples: o PSD insiste que tem direito de indicar
o sucessor de Nascimento Rodrigues, que está há nove meses em gestão. (…) Mas o
processo já vai longo e a lista de ‘possíveis Provedores’ cresce de semana para
semana. Desde Junho de 2008 que Nascimento Rodrigues deveria ter deixado o
cargo, não fosse a lei obrigar a que se mantenha até ser substituído”.
São tempos
que não me saem da memória. Sem qualquer mágoa. Mas não posso deixar de sentir
que foi um tempo perdido. Para o Henrique, para a família, para o país, para os
políticos. O Henrique resistiu até ao fim. A Provedoria de Justiça não podia
continuar à mercê, deste caminho de ruptura entre PS e PSD. Só renunciando
obrigaria os partidos a encontrar um substituto. A lei é clara e não deixa
margem para dúvidas: em caso de vagatura do cargo a designação do provedor
teria que ocorrer dentro dos 30 dias imediatos. A pergunta que fica é esta:
porque esperou, o Henrique tanto tempo para renunciar?