(…) “A
reestruturação de vários sectores do tecido económico nacional é um imperativo
inadiável. Já ninguém, hoje, tem dúvidas de que o grande desafio a vencer é o
de colocar o nosso País nas melhores condições possíveis de competitividade com
outros países. Temos, para isso, que alterar processos de organização
empresarial e de gestão de recursos humanos, de rentabilizar investimentos
produtivos, de acabar com procedimentos burocráticos anquilosantes, de apostar
na qualificação dos homens, de ganhar a batalha da qualidade nos produtos e
serviços que prestamos e de ocupar zonas de inovação nas actuações e espaços de
agilidade na obtenção de resultados.
Não saber mudar, seria morrer. Mas é preciso
saber mudar sem traumas. Sabe-se que toda e
qualquer mudança estrutural despoleta, inevitavelmente, resistências,
confrontos, desconfianças e uma natural insegurança junto daqueles que podem
ser afectados. É nesses contextos, tão difíceis e delicados nos seus
pressupostos e nas suas implicações económicas e sociais – e, portanto, humanas
– que a concertação social deve ser impulsionada, acarinhada e prosseguida com
constante empenho. Porque só ela é capaz de servir de instrumento às mudanças,
sem as paralisar ou arrastar no tempo, e também sem as transformar em processos
de desgaste socialmente incomportável, com custos tão graves, ao fim e ao cabo,
como os da sustentação artificial de situações ultrapassadas pelos novos
tempos.” (...)
Excerto do discurso proferido pelo presidente
do CES por ocasião da assinatura do “ Pacto de Concertação Social no Sector
Portuário”. Lisboa, 12 de Julho de 1993