(...) Se sabemos de que reclamam os cidadãos;
se
temos uma instituição credibilizada pelo alto prestígio dos Provedores de
Justiça que me precederam;
se acreditamos que a generalidade dos cidadãos
encara o seu Provedor de Justiça como um refúgio de garantia dos seus direitos,
muito há, ainda, que não sabemos, porque não conhecemos.
Não conhecemos os que não têm voz
para reclamar.
Não conhecemos os que não têm
força para se queixar.
Não conhecemos a vivência de
alguns "mundos fechados" em que a cidadania é um ponto de
interrogação.
Haveremos, porém, de recordar, em cada dia do
nosso trabalho, as belíssimas palavras de Manuel Alegre, na alocução oficial aos congressistas da
Federação Ibero-americana de Ombudsman, reunidos em Lisboa, em 2002, na Sala do
Senado, quando, em representação do Presidente do nosso Parlamento, nos disse:
"Quando
mais ninguém ouve ninguém, há sempre alguém que ouve um cidadão".
A Provedoria de Justiça ouvirá. Eu ouvirei.
Excerto do discurso que
proferiu na Assembleia da Republica, a 8 de Julho de 2004, durante a cerimónia
de posse como Provedor de Justiça (segundo mandato)