terça-feira, 11 de dezembro de 2012

NA SERENIDADE DO COLO DA MINHA MÃE


NÃO!!
“ Não Mãe, Não pode ser!”
“ Ele morreu em paz. É nisso que tens de pensar. E ele vai estar sempre connosco”.
Não mãe. Não pode ser. Tu estás tão calma. Eu grito do fundo do meu ser e tu estás tão calma. Mas já gritaste disseste-me depois. Contigo as palavras vêm certas ao coração e não ficam pelo ar:
“ Não é o que nos acontece na vida que é importante mas aquilo que fazemos com isso”- dizes tu mãe
Até porque tu és tu e você é o pai. E nós somos irmãos. As palavras não mentem quando são o início de tudo:
Mãe, tu queres café? Pai, quer fazer o favor de não morrer? Ainda preciso de si e a mãe não me chega. Ou será que chega? Ou será que agora tudo vai ser mais fácil? Mais “tu cá tu lá”. Lá onde não chego mas onde agora estás mais perto.

NÃO!!

Eu grito e o grito não é para ti? Ou o grito formal para que você me ouça e volte pois eu não quero acreditar.
A mãe sempre esteve lá para garantir que falamos, que sabemos um do outro, para garantir que o que o ar nos trazia eram palavras certas e que não havia enganos.
“És o mais parecido com o teu pai”
Ela estava calma e eu gritava.

NÃO!!!

Nuno Nascimento Rodrigues 12 de Abril de 2010