NÃO!!
“ Não Mãe, Não pode ser!”
“ Ele morreu em paz. É nisso que
tens de pensar. E ele vai estar sempre connosco”.
Não mãe. Não pode ser. Tu estás
tão calma. Eu grito do fundo do meu ser e tu estás tão calma. Mas já gritaste
disseste-me depois. Contigo as palavras vêm certas ao coração e não ficam pelo
ar:
“ Não é o que nos acontece na
vida que é importante mas aquilo que fazemos com isso”- dizes tu mãe
Até porque tu és tu e você é o
pai. E nós somos irmãos. As palavras não mentem quando são o início de tudo:
Mãe, tu queres café? Pai, quer
fazer o favor de não morrer? Ainda preciso de si e a mãe não me chega. Ou será
que chega? Ou será que agora tudo vai ser mais fácil? Mais “tu cá tu lá”. Lá
onde não chego mas onde agora estás mais perto.
NÃO!!
Eu grito e o grito não é para ti?
Ou o grito formal para que você me ouça e volte pois eu não quero acreditar.
A mãe sempre esteve lá para
garantir que falamos, que sabemos um do outro, para garantir que o que o ar nos
trazia eram palavras certas e que não havia enganos.
“És o mais parecido com o teu pai”
Ela estava calma e eu gritava.
NÃO!!!
Nuno Nascimento
Rodrigues 12 de Abril de 2010