Nascimento Rodrigues, terceiro elemento da
“troika” do PSD, tem sido o mais distante e o mais silencioso dos políticos
sociais-democratas. Ao contrário do que tem sido escrito, Nascimento Rodrigues
recusou participar na redacção da Moção de Estratégia da Comissão Política de
que é vice-presidente.
A “troika” não falhou porque como tal nunca
existiu – sublinha Nascimento
Rodrigues. Assim sendo uma evidência
que nunca se pretendeu e não houve nunca três líderes, ou um triunvirato, não é
difícil concluir que o tema sirva apenas de pretexto para objectivos políticos
que nada têm a ver com ele. Nascimento
Rodrigues está cada vez mais distante da actividade partidária. Vai continuar
como consultor da OIT. Divide-se a sua profissão entra a Suíça e Guiné- Bissau.
O Jornal- Todos os dirigentes do PSD
afirmam que a”troika” falhou como membro deste triunvirato”.
Nascimento Rodrigues - "Primeiro há que contar como surgiu aquilo a
que a imprensa chamou “troika”.
Fiz parte de um conjunto de militantes que
sentiu a responsabilidade histórica de procurar encontrar uma solução nova e
prestigiada para o PSD em vésperas do Congresso de Montechoro, no que foi a
sequência dos acontecimentos preocupantes criados pelo ruir da AD, do plano
inclinado de desgaste que o partido atravessava com um líder contestado pela
maioria dos seus militantes e tudo isso na vizinhança das eleições legislativas
de 1983.
Fomos objecto, então, de uma campanha de
ridicularização por causa desse esforço. Chamaram-nos o “grupo dos notáveis”,
lembra-se? Como acontece tantas vezes em Portugal, o adjectivo era maldoso. “
Notáveis” foram, sim, aqueles dirigentes e responsáveis do PSD que numa hora de
tanta gravidade e importância para o partido procuraram destruir, intrigar,
confundir ou, comodamente ficarem distantes.
Nenhum de nós propunha e defendia uma
solução tripartida. O que se pretendia era, apenas, que Mota Pinto assumisse a
liderança do PSD, com a equipa que entendesse escolher. Porque, na altura, a
maioria dos militantes queria Mota Pinto a dirigir o partido. E foi isso e só
isso que o chamado “grupo dos notáveis” lhe pediu, com todo o empenho e
insistência exigidos pela vontade dos militantes e pelas necessidades do PSD.
Nunca houve e não há, pois, “troika” no
sentido que muitos lhe atribuem… O que se votou em Montechoro e o sentido
político das suas alterações estatutárias foram sempre para mim simples e
claros: Nuno Rodrigues dos Santos como presidente respeitado, íntegro, símbolo
do PSD. Mota Pinto como líder efectivo. A Comissão Permanente como responsável
pela condução corrente dos assuntos partidários, com Vítor Crespo a presidir e
a dirigi-la. Com isto não ignoro nem os dois outros vice-presidentes, nem a CPN
no seu todo. Mas o eixo fulcral assentava nessa trilogia que referi.
IN “O Jornal” 20 de Janeiro de 1984