A 15 de Maio, dirigindo-se aos militantes que estarão presentes no
Congresso da Figueira da Foz, escreve em Editorial no “Povo Livre:
“São 16 moções, mil e duzentos delegados, centenas de observadores e
convidados. É toda a imprensa, mais a rádio e a TV. Milhares de olhos que nos
seguem com ansiedade ou com desconfiança, vozes que nos interrogam ou deixam
apelos e alertas. É o País inteiro que está a olhar para nós, os
Sociais-Democratas reunidos no seu XII Congresso. Que vamos nós responder ao
País , companheiro amigo?
Tu, vieste de Monção, de Leiria, de Faro ou do Funchal ou da Horta, ou
de Paris e Toronto se és emigrante. Nós somos carne de Portugal feito
comunidade espalhado além fronteiras.
Somos filhos desse Povo que tem berço nas escarpas do Douro e nos
picos da Estrela, que fez ninho nos barcos de pesca aproados em New Bedford, que
palmilhou as anharas da Cameia e os trilhos de Bamabadinga. Povo que foi e
retornou, que saiu e não voltou, ou que nunca se aventurou.
Viemos daí. Temos orgulho nos padrões da nossa história e da nossa
cultura. E por isso respondemos ao País em primeiro lugar, que não sabemos
propor para onde vamos sem dizer de onde viemos. Não queremos fazer Portugal
esquecendo Portugal.
Por isso respondemos ao País, que somos Sociais-Democratas e não
conservadores de direita ou de esquerda. Sabemos que o futuro já começou. Temos
de o ganhar fazendo do presente o rio impetuoso que desagua no mar desse
futuro. Cada um de nós é uma gota desse rio. Se nos perdermos no leito a que
pertencemos, o rio será riacho, o riacho pode transformar-se em fio de água. É
indispensável, portanto, que saibamos estar unidos sob a identidade que faz de
nós o mesmo rio. Porque é essa identidade que timbra as nossas propostas
políticas, que nos diferencia. E ao diferenciar-nos, seremos fieis às origens e
dignos dos que em nós confiaram."
Editorial de “O Povo
Livre” 15 de Maio de 1985