“A política é o risco da escolha. Somos um Partido grande e um Partido
social-democrata. Nunca fomos e não queremos ser um partido de feição liberal.
Mas o curioso de tudo isto é que uma estratégia anticonsensual pode conduzir em
linha recta a esse resultado, seguramente ao contrário do que estou certo ser
propósito sincero de quem a propugna e brande. Esse seria um resultado
desastroso em termos dos interesses de Portugal e de efeitos devastadores para o
Partido, tal como nasceu e se fez. Mas não é essa, sequer, a imagem mais nítida
que se me assume no écran desta questão. Por alguma, provavelmente absurda,
conotação de ideias, a memória foca-me com insistência a paisagem de um deserto
com um cacto solitário tombado sobre os seus próprios espinhos”.
Editorial de “O Povo
Livre” 17 de Abril 1985