“Apanhei uma constipação “tipo alérgico” e passei um fim de semana
muito chato. Agora passou a fase aguda da “choradeira” e da “pingadeira” e
espero que não regresse. Cá tenho andado na minha vida: visitas a empresas de
manhã e à tarde “entretenho-me” a ver a legislação antiga e a que foi emitida
pós- independência. Tenho achado pouco interesse neste trabalho, por falta de
contactos abertos. Dizem-me que está tudo bem… Outro dia, já farto, perguntei:
então se está tudo bem, para que querem um consultor e novas leis? Não se deram
por achados: “se for para melhor”…
Enfim assim não é trabalho a sério, mas isso não é comigo. Pode ser,
entretanto que as coisas se modifiquem, porque chegou ontem e vai cá estar
durante duas semanas o responsável pelo bureau da OIT para a África Central. É
francês (ou belga) e parece simpático. Entretanto terminou a fase de visitas,
só tenho mais uma programada para a próxima 3º feira. Não sei bem como vou
fazer o relatório, porque desta forma como as coisas correram apanhei mal as
realidades. Só se até à partida conseguir entrar um pouco mais nos meandros.
Não sei nada do que passa aí, porque não tenho tido contactos com a
Embaixada. É o problema de estar cá em cima e a Embaixada só funciona de manhã,
até às 13 horas.
“Cheira-me” que isso, aí, pode começar a embrulhar-se e o Mota Pinto
não aguenta. O problema é que não há alternativas credíveis.
Comecei a contagem decrescente para a partida. Tem continuado a chover
bastante, menos na cidade. Mas aqui na Pousada chove bastante, faz fresco e
nevoeiro”.
29 de Novembro de
1984
“ Terminei o programa das visitas às empresas e ando a ler a legislação
vigente, que é uma “salsada ”. É um trabalho monótono e sem interesse, assim.
Espero, naturalmente, ter uma entrevista final com o Ministro do Trabalho. Se
não fosse dever preservar o meu nome nesta missão, confesso que despacharia o
relatório com a conclusão de que… escolham outro para fazer a legislação! Mas é
evidente que não pode ser assim.
Que se passará em Portugal? Está cá um português que mora no Cadaval,
que me disse que não há nada de especial. Calcula que ele é um adepto fervoroso
do Pinto Balsemão e diz que Montechoro foi uma desgraça para o PSD. Só me
faltava esta!”
São Tomé 3 de
Dezembro 1984