Maio de 1985 – Os partidos movimentam-se na escolha dos candidatos à Presidência da
Republica, (eleições presidenciais de Janeiro de 86). Em cima da mesa dois
nomes: Diogo Freitas do Amaral e Mário Soares. Ambos são lançados, pelos
respectivos partidos, como “candidatos autónomos” ou “ independentes”.
Em Editorial, no “Povo Livre”, o Henrique comenta, causticamente, a
maneira como ambas as candidaturas são apresentadas à opinião pública.
“O sentido de humor fundado na dialética do ridículo constituem, muitas
vezes, a arma mais poderosa e o antídoto mais eficaz que nós, portugueses,
usamos para contrapor à onda de inversão de valores e princípios e à avalanche
de desatino de ideias e de emaranhado de atitudes que de quando em quando a
vida política faz desabar sobre nós. Eles exprimem, ao fim e ao cabo, os sinais
de sanidade e as pulsações viris de uma consciência colectiva que permanece
desperta e sadiamente refractária às tentativas de manipulação da opinião e de
colonização do senso comum. Pena é que essas tentativas ganhem guarida de honra
de títulos de caixa alta de alguma imprensa quer estatizada, quer privada,
porque, se assim não fora o clima político nacional seria decerto muito
mais despoluído
………………….
Já temos, assim, o Prof. Freitas do Amaral, fundador e rosto
carismático do CDS, como independente e, pelos vistos, vamos ter o Dr. Mário
Soares líder natural do PS e membro proeminente da Internacional Socialista,
como candidato autónomo. Por este andar, o Dr. Álvaro Cunhal é capaz de não
resistir, e no dobrar da próxima esquina arriscamo-nos a vê-lo jurar, com o
apoio do MDP, Verdes, CGTP-IN e Associação dos Pequenos Ceifeiros de Borba, que
é um candidato não partidário - e, obviamente, democrata.”
IN “O Povo Livre”
Editorial 9 de Maio de 1985