“É pacificamente reconhecido que a modernização das economias europeias
não passa apenas pela renovação das fábricas, pela aquisição de sofisticados
equipamentos, pela introdução de novas tecnologias, pela captação de novos
mercados, pela melhoria da qualidade dos produtos ou dos serviços, pela
eficiência da Administração Pública ou pela eliminação das constrições de
variada natureza a que, pesada e inutilmente, muitas vezes estão sujeitas as
empresas. E não basta também, por importante que seja (e, sem dúvida, é)
proporcionar-lhes um enquadramento macro-económico e um clima social fundado em
políticas sustentadas, geradoras de confiança e propulsoras de estratégias
empresariais de médio e longo prazo, que não tenham de esbarrar em
“ziguezagues” de eventuais políticas públicas ciclicamente contraditórias. Se
tudo isto é, de facto, muito importante
no domínio da competitividade das empresas e na gestão de níveis acrescidos de
produtividade – portanto, importante para o aumento da riqueza dos países - não
restam dúvidas, porém, de que, no actual contexto da economia global e face ao
desafio permanente da melhoria da competitividade, o factor mais determinante de afirmação e de combatividade de cada país
no concerto internacional repousa na qualidade dos seus recursos humanos.
(…) No quadro dos actuais doze países da União Europeia, e também nos
dezasseis que se espera venham muito em breve a integrá-la, a nossa população
(…) continuará a ser a sétima no âmbito
da União já alargada, mas em que 65% dos portugueses com mais de 15 anos
possui, somente, uma escolaridade de seis anos ou inferior.(…)
Todos os indicadores falam por si. E falam de forma dramática, evidenciando o muito baixo grau de habilitação da nossa mão-de-obra assalariada. E, ademais, enquadrando-se cerca de 2/3 em empresas com dimensão exígua à escala europeia e internacional, e, sabido, como é serem mais frágeis as potencialidades de formação profissional nas PME’s, seria criminoso - perdoe-se-me a expressão – não encarar o ensino e a formação técnico-profissional, melhor dito, a educação e a sua qualidade, como o maior desafio para o futuro do nosso País.
Todos os indicadores falam por si. E falam de forma dramática, evidenciando o muito baixo grau de habilitação da nossa mão-de-obra assalariada. E, ademais, enquadrando-se cerca de 2/3 em empresas com dimensão exígua à escala europeia e internacional, e, sabido, como é serem mais frágeis as potencialidades de formação profissional nas PME’s, seria criminoso - perdoe-se-me a expressão – não encarar o ensino e a formação técnico-profissional, melhor dito, a educação e a sua qualidade, como o maior desafio para o futuro do nosso País.
Isto revela uma coisa: se é verdade que para todas as sociedades
europeias o repto da competitividade e um dos caminhos nucleares para a
integração sócio-económica dos excluidos passam, forçosamente, pelo
desenvolvimento intelectual e cultural e pela formação dos recursos humanos
nacionais, por maioria de razão assim o terá de ser em portugal, visto
sofrermos neste campo de carências muito mais profundas.”
Excerto de uma comunicação
proferida no XXVII Encontro Nacional da APG, 1994