Em Junho de 1995 o Henrique participa no Funchal no I Congresso dos
Trabalhadores Social Democratas. De acordo com o Jornal da Madeira acedeu a
“fazer alguns comentários” sobre várias questões relacionadas com a situação
nacional. Nesta entrevista, e em jeito de fim de mandato, que se anuncia, em
virtude das legislativas de Outubro, à pergunta do jornalista:
“Como tem estado a funcionar o Conselho Económico e Social?”, responde:
“Tem sido relativamente fácil o seu funcionamento e tem constituído uma
tarefa muito satisfatória para mim. Ao contrário do que muitos pensam, em Portugal
há um grande diálogo entre o Governo e os Parceiros Sociais.
Quando digo diálogo, não quer dizer que tenha de existir acordo, o
diálogo é a discussão pelas pessoas dos seus pontos de vista, trocarem
impressões e posições, tentando convencer os outros da sua razão de ser. É isso
que se tem passado no Conselho Económico e Social, entre o Governo e os
Parceiros Sociais. Não se tem chegado a acordo nos últimos dois anos
relativamente à possibilidade de celebração de acordos sociais, mas tenho
verificado que tem existido uma grande convergência de pontos de vista no que
respeita a muitas matérias. Se me pergunta se tem sido fácil, desse ponto de
vista acho que tem sido.”
Penso que o diálogo tem sido muito amplo, ao contrário do que muitas
vezes a opinião pública julga. Não se discute apenas a questão da política salarial,
essa é mesmo a última questão que se discute. Discutem-se questões muito
importantes, como a criação de empregos, a formação profissional, a articulação
do sistema de formação profissional com o sistema de ensino, os incentivos às
empresas para a criação de postos de trabalho e para a melhoria da sua
competitividade.”E justifica: “ Porque por aí passa também muito a criação
do emprego em Portugal. Hoje em dia este tipo de questões já é visionado por
uma parte do nosso movimento sindical como sendo uma parte que diz respeito
também aos trabalhadores. Pois não há
trabalhadores sem empresas, nem empresas sem trabalhadores. Começou-se a
perceber que este tipo de questões não diz respeito aos empresários de um lado
e aos trabalhadores do outro. Diz respeito a todos.”
Funchal, 2ª feira, 26 de Junho 1995