Intervenção proferida pelo Presidente do Conselho Económico e Social na
abertura do Forum - “Recursos Humanos 95”- O “ Estado da arte” de
gerir pessoas em Portugal
É habitual, todos o sabemos, pedirem os políticos, aos seus assessores,
a “redação” dos discursos proferidos em determinados eventos. Até já vimos,
políticos proferirem discursos que não são os seus, sem darem conta do sucedido.
Mas isso não acontecia com o Henrique que, escrevia, reescrevia, rasurava, voltava
a escrever, rasurava de novo, até se dar por satisfeito. Sempre o conheci
assim. Tudo o que está reproduzido no blog é da sua autoria exclusiva. Foi
trabalhado, emendado, pensado, elaborado até atingir a qualidade que exigia a
si próprio.
(…) Os benefícios do desenvolvimento criam-se, é certo, com
investimento, com trabalho, com esforço e sacrifício. Mas não basta. A qualidade do investimento e do trabalho
são fundamentais.
Acontece, porém, que há muitos
investimentos estratégicos e estruturantes pouco qualificados, em que se delapidaram muitos dos recursos a eles
afectados… Há muitos investimentos
que se suportam em práticas de degradação social, concorrência desleal, o que evidencia o enriquecimento de alguns,
mas engendra o empobrecimento de muitos. Em qualquer caso, resulta fragilizado o potencial económico e
social do País.(…)
Finalmente, há também muito, muito trabalho, mas sem qualquer
aproveitamento, por falta de qualidade bastante. (…)
Mas é necessário que a qualidade seja protagonizada por todos e os seus
resultados acessíveis a todos os que nesse esforço participem, dando-se, assim,
rosto e corpo a uma expressão de socialização. Ninguém conseguirá obter
resultados significativos se parte dos intervenientes agir contra a qualidade
que timbre um determinado objectivo..
Ora, este valor acrescentado de qualidade e a extensão
social que ele pode assumir por via da socialização activa, estão directamente associados à valorização
dos recursos humanos.(…)
A valorização dos recursos humanos compromete cada cidadão em função do
futuro que quer para si e para o País. Todos somos chamados a melhorar o nosso
saber, saber-fazer e estar, para participarmos na sociedade com a qualidade que
nós próprios devemos exigir e nos é também exigível.”
Lisboa 15 de Março
1995