“….. e Nascimento Rodrigues, foi encarregado de elaborar o projecto
inicial do novo programa do partido, que virá a ser apresentado a Cavaco Silva
antes do Congresso do PSD, marcado para os dias 6, 7 e 8 de Abril”
In “O Jornal” 26 de
Janeiro de 1990
“ Neste ano …. é natural que o Congresso do PSD desperte a curiosidade da opinião pública
e atice esse insaciável apetite normal na comunicação social pelos
acontecimentos que o rodeiam, pelas “personalidades” que os protagonizam e
pelos posicionamentos que adoptam. É em menor escala, porém, que se sugere à
opinião pública uma reflexão mais funda sobre a importância fulcral deste
congresso – que é, em suma, o da arrancada social-democrata para a vitória nas
legislativas de 91 – e uma apreciação mais virada, não para o espectáculo dos
bastidores do poder, mas para as opções e para as estratégias susceptíveis de
conduzir ou não o PSD à confirmação de partido liderante na nossa sociedade e
de força catapultante de uma maioria reafirmada.
Valeria a pena, portanto, apreciar as sete moções ao congresso sob este
ponto de vista, a partir de um outro ângulo de análise que é este: em que
medida essas moções espelham, ou não, as características essenciais do “perfil
histórico” do PSD como partido aberto, salutarmente inquieto e irrequieto,
crítico de si próprio, desperto para o futuro e cabouqueiro de ideias novas,
fiel aos valores da portugalidade e coerente com a matriz referencial da
liberdade, da justiça e da solidariedade?
A função pedagógica da análise política na comunicação social é um
instrumento decisivo para a formação sadia da opinião pública, baluarte da
própria democracia. (……).
As moções revelam que somos nós próprios, os sociais-democratas, a
colocar frontal e abertamente no nosso Congresso as preocupações e o sentir não
apenas dos militantes mas, sobretudo, da maioria dos portugueses, que pressentem
ser no PSD que se focaliza e está o futuro do País. (……)
É que as moções vão mais longe. E trazem à ribalta a discussão sobre a
natureza da social-democracia nos dias de hoje e em Portugal, o que implica a
consequente questão da base social de apoio e do perfil substantivo da proposta
política global do partido. Eis-nos, pois, perante um debate que é sério e
profundo, pertinente e fecundo, e que abraça a finalidade de um projecto
político para o Portugal do novo século”.(…..)
Tenho como irrecusável que um Partido que coloca em Congresso o debate
sobre o figurino da sua identidade à luz do mundo que desponta; um Partido que
reflete, questiona, sugere e propõe respostas, obviamente não coincidentes –
será esse Partido falho de ideias, despido de valores, decapitado no
pensamento, avesso à cultura, fechado às palpitações da sociedade ou cego às
evoluções do nosso mundo? É a isto que ouço alguns chamar o vazio do ideário social-democrata?
IN “Diário de Notícias”, “ Artigo de opinião”, 7
de Abril de 1990
No Congresso do PSD, (Pavilhão
dos Desportos 6, 7 e 8 de Abril de 1990), o Henrique é eleito 1º vogal da
Comissão Política Nacional
“ Surpreendente foi a ascensão de Henrique Nascimento Rodrigues a
primeiro vogal da Comissão Política Nacional do PSD. O ex-ministro do Trabalho
de Balsemão teve uma actuação muitíssimo discreta na equipe anterior, para onde
entrara com a incumbência de tentar sanar o conflito que opõe ainda os
sindicalistas sociais democratas da UGT à estrutura dos TSD.”
IN “O Independente”
12 de Abril de 1990
“Se ele tivesse adivinhado antes de subir ao palco a vaia que o
Congresso lhe ia dispensar, certamente que não se atreveria a fazê-lo. Dava
antes uma desculpa.
As suas ligações à UGT (ao lado dos que se opõem aos TSD) foram-lhe
fatais.”
In “ Expresso” 12 de
Abril de 1990
Outros poderiam talvez dar uma
qualquer desculpa para não subir ao palco. Não o Henrique. A sua vida pautou-se,
sempre, por ideais e convicções de que nunca abdicou. Pateadas, apupos, não o
incomodavam. Ele sabia que estava no rumo certo. “ Eu sei por onde vou… Sei que
não vou por aí”.