“Nascimento Rodrigues, que recentemente partiu para Moçambique à frente
de uma delegação do Ministério do Trabalho, adiantou que em 1987 deverão
estagiar ou participar em acções de formação em Portugal 60 a 70 técnicos dos
cinco países africanos de língua portuguesa, afirmou que a delegação vai
acordar um conjunto de projectos de assistência técnica no domínio do trabalho
e estatísticas do trabalho, emprego, formação profissional e segurança social e
acrescentou que a cooperação, já em curso em Angola, Cabo- Verde, Guiné e S.
Tomé e prevista para Moçambique, envolve a deslocação de peritos portugueses
para dar apoio ao funcionamento dos serviços ou realizar estudos solicitados
pelas autoridades locais e vinda a Portugal de técnicos dos ministérios daquele
país.
Além da cooperação bilateral, Portugal tem também projectos de apoio à
elaboração de legislação do trabalho executado por técnicos portugueses com
apoio da OIT.”
IN “Comercio do
Porto” 19 de Maio de 1987
“ A Cooperação com países africanos de expressão oficial portuguesa tem
sido assumida como um vector consensual da nossa política externa. Não há, sob
este aspecto, qualquer problema importante. Devemos, porém, interrogarmo-nos
sobre se a cooperação tem sido realizada com estratégia clara e de forma
persistente. Talvez tenhamos de chegar à conclusão de que há falhas, aliás
recíprocas. Em segundo lugar afirmo, convictamente que Portugal pode fazer mais
e melhor. Nem tenho a visão miserabilista de que somos um país pequeno e pobre.
Pelo contrário: somos um país que pode oferecer vantagens na cooperação. E
essas vantagens não são apenas as da língua, pese a grande importância desta.
Portanto, temos de saber seleccionar com clareza as áreas em que apresentamos
vantagens. E depois temos de saber estruturar a cooperação nessas áreas com uma
visão de organização e uma perspectiva de longo prazo. Portugal precisa de
saber organizar-se para a cooperação e reclamar que os PALOP também saibam
fazê-lo.
Enfim, entendo que Portugal deve colocar na cooperação com
os PALOP os seus melhores valores, tanto quanto lhe for possível. Não se pode
desperdiçar o tempo que nos resta ainda, sob pena de as gerações de jovens de
Portugal e dos PALOP já nada terem a dizer e a fazer entre si numa cooperação
de interesse comum. Ou entendemos isto a tempo e horas ou será tarde para
Portugal e para os países africanos de expressão oficial portuguesa”.
IN “Diário de
Notícias” 31 de Maio de 1987