O Serviço de Promoção da Cooperação Técnica da OIT endereçou um outro
convite a Nascimento Rodrigues, desta feita relativo a S. Tomé e Príncipe. A
OIT propôs ao Governo português via Ministério dos Negócios Estrangeiros, a
repartição dos encargos inerentes à contratação daquele técnico em legislação
do trabalho. Desconhece-se, porém, qual a disposição do Governo de Lisboa. Esta
iniciativa de S. Tomé de se dirigir directamente à OIT para obter o concurso de
um consultor de legislação de trabalho, é entendida como o sinal do malogro da
cooperação sobre a matéria entre Portugal e aquele país africano.
A cooperação com os países de língua portuguesa, nas áreas do emprego e
formação profissional, era habitualmente uma atribuição do ministro do
Trabalho.”
IN “O Jornal” 18 de
Outubro de 1985
“O Ministro do Trabalho, Mira
Amaral, visita S.Tomé e Príncipe de 26 a 31 de Março na que é a primeira deslocação oficial de um
responsável da tutela a um país de língua oficial portuguesa. De acordo com um
comunicado oficial, esta visita é da “maior importância” para o estreitamento
dos laços entre os dois países.
Durante a visita serão assinados diversos acordos de cooperação no
âmbito do emprego formação profissional, e de segurança social. Para S. Tomé
partiu já ontem Nascimento Rodrigues, antigo Ministro do Trabalho e actual
director do Gabinete de Cooperação com África que funciona no Ministério do
Trabalho. A deslocação, que se prolonga até ao fim do mês de Março insere-se no
âmbito da Organização Internacional do Trabalho e visa a cooperação em matérias
de trabalho”
IN “ Diário de
Lisboa” 4 de Março 1987
“ Tenho andado muitíssimo ocupado desde que cheguei. A recepção foi
muito calorosa e o tratamento acolhedor ao máximo. Combinou-se que durante os
primeiros 15 dias faria entrevistas, reuniões e visitas a roças e o resto do
tempo seria para trabalhar no projecto de legislação. De modo que tenho andado
nesta roda viva todos os dias.
Foi uma semana muito cheia, não
houve espaços livres. Infelizmente apareceu-me uma inflamação reumática no
joelho esquerdo. Devo estar velho para ficar com reumatismo. Já disse que o
acolhimento foi óptimo. A vida é que se degradou desde a última vez. Muito
piores condições alimentares (não há pão, nem café nem Nescafé etc.) embora não
passe fome claro, e o serviço da Pousada também piorou. É uma pena.
O resto é sempre igual. A diferença como te disse, é que desta vez tem
havido muita companhia. Há três dias proporcionaram-nos uma “sessão cultural”,
com recitação de poemas, leitura de contos e música de S.Tomé. Foi engraçado.
Ontem fui jantar a casa do 1º Secretário da Embaixada e hoje vou jantar ao
Embaixador, juntamente com uma equipe da Gulbenkian, que está cá e vai embora
amanhã.
Comecei a filmar. Acho que acabo por me entender com a máquina, mas
tenho que ver o filme que estou a fazer. Queira Deus que saia bem pois estas
paisagens são de facto magníficas.
Sábado vamos ao Príncipe e regressamos 2ª feira de manhã. Vou ver se
arranjo um papagaio
S. Tomé 11 de Março
de 1987
“Já passa da meia noite, hoje saí às 8 da manhã, foi mais um dia em
cheio. Sinto-me muito cansado fisicamente, porque foi um dia esgotante, mas
psicologicamente resisto bem, porque não há o stress e o enervamento da vida de
Lisboa. Creio que tudo vai continuar a correr bem e que a visita do Ministro
será um êxito. Não sei se os nossos jornais saberão “pegar” num acontecimento
tão importante e de que me sinto agente. E a nossa casa? Já arranjei dois
quadros de S. Tomé para levar para lá”.
S. Tomé 18 de Março
de 1987