O convidado de honra da Conferência foi, nesse ano, o recém- eleito Presidente da Zâmbia, Frederich Chiluba. Um excerto da resposta do Henrique, à intervenção do Presidente Chiluba.
“(….) A vários títulos, é a sua personalidade um símbolo. Em primeiro
lugar, um símbolo da própria liberdade. Os homens que sofreram na sua alma e na
sua própria carne a ignomínia das prisões e das perseguições policiais, apenas
porque lutaram pela conquista das liberdades políticas fundamentais para o seu
povo – esses homens têm uma autoridade moral para proclamar que sem as
liberdades democráticas a soberania do povo não pode exercer-se. Autoridade
moral, essa, que ganha legitimidade acrescida porque a vontade soberana do povo
da Zâmbia conduziu-o, em 1991 através de eleições livres, à magistratura
presidencial do seu País.
Em segundo lugar, um símbolo de combate pela Justiça Social. Presidente
do Congresso dos Sindicatos da Zâmbia desde 1974, a permanente e abnegada
dedicação ao movimento sindical confere a Vossa Excelência o justo título de
emérito sindicalista e de combatente pelos direitos sociais elementares que
dignificam o homem do trabalho.
Em terceiro lugar, representa Vossa Excelência um símbolo de democracia
participativa, porque é adepto e praticante do diálogo, através do qual se
busca o entendimento e se forja o consenso que conduz a soluções de progresso e
de Paz. (….)
É, assim, Vossa excelência, em suma, um símbolo da vitória da
Democracia nas suas vertentes política, económica e social e um exemplo
concreto da Universalidade dessa Democracia. (…)
Senhor Presidente da República da Zâmbia
Quis o destino que o presidente eleito desta Conferência fosse europeu,
cidadão de um dos mais velhos países da Europa Ocidental – Portugal. Originário,
porém, de um belo e grande país irmão africano – Angola -, a minha memória tem
vivos os ensinamentos de valiosas tradições dos povos de África. Em particular,
recordo a prática secular de os chefes anciãos das aldeias reunirem à sua volta
os seus povos, para escutar as queixas dos homens, dirimir os seus conflitos,
fazer justiça aos perseguidos, punir os culpados e estabelecer a paz nas suas
comunidades.
Permita-me que exprima o voto sincero de que Vossa Excelência, Senhor
Presidente, jovem na idade, político na flor da vida, africano de prestígio
internacional, possa guardar em si essa sabedoria profunda dos anciãos da sua
terra africana. E que essa sabedoria o guie pelos caminhos da rectidão e da
paz”.
Genebra, 9 de Junho 1992