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Nascimento Rodrigues quer sobretudo assumir-se como homem de consensos do
Conselho Económico e Social. “O presidente não
comanda o CES”, À pergunta de O
Público: (…) Que papel vai ter este organismo na sociedade civil portuguesa? “O CES é um órgão consultivo, é esse o seu papel”. E continua: – “ Espero
que tenha um papel útil. Perante a experiência que vivemos nos últimos anos,
sobretudo no âmbito da concertação social, conclui-se que o diálogo é possível
e é algo que pode levar a acordos. Acordos esses que, por seu turno, são
indispensáveis numa dupla perspectiva: por um lado, como meio de aprofundamento
do próprio regime democrático e, por outro, como instrumento de progresso
económico e social. Se esta experiência, que decorreu até agora no Conselho
Permanente de Concertação Social (CPCS), continuar a decorrer na Comissão
Permanente de Concertação Social, podendo ser alargada também a outros agentes
como os representantes no CES, isso será um contributo positivo. (…) O meu
papel será apenas o de poder oferecer às três partes, que são decisivas para o
entendimento, aquilo que puder proporcionar, para desbloquear entendimentos e
aproximar pontos de vista. Eu não negoceio nada, não tenho esse poder, não sou
parte da concertação social. As partes são o Governo, o patronato e os
sindicatos. Essas é que têm de se entender. O presidente pode ser um elo de
ligação entre os três. Eu não posso assinar acordos, e ainda bem que a lei não
me dá esse poder.”
IN “ O Público” 29 de Julho de 1992