
EXPRESSO – Por que razão não aceitou fazer
parte deste novo Governo AD?
Desejaria sublinhar que o primeiro-ministro
ponderou atentamente o meu pedido e procurou persuadir-me a continuar como
responsável pelo Ministério do Trabalho. Não posso senão sensibilizar-me com
tal atitude. Mas ele próprio veio a reconhecer a pertinência das razões que
invoquei e aceitou-as inteiramente"
EXP – Não pode especificar melhor essas
razões?
N.R.- "Creio ter sido claro na resposta. Não
há aqui nada escondido, tudo simples! No fundo, repare, do que se trata é de
escolher o perfil dos governantes em função da política que se anteveja como
necessária, e não de definir a política em função de homens previamente
escolhidos. Pelo menos é assim que encaro os passos de formação de um novo
Governo. Devem definir-se os objectivos e as políticas, depois a orgânica
governamental adequada, e só no fim as pessoas tidas como mais aptas para levar
a cabo as metas traçadas.
Penso que toda esta explicação é suficiente e
entendível. Qualquer esclarecimento complementar e mais pormenorizado cabe ao
senhor primeiro-ministro, se, quando e como ele o julgar conveniente. E volto a
sublinhar que ambos convergimos na solução da minha saída do Governo, ou, mais
precisamente, do Ministério do Trabalho."
(…)
EXP- Vamos terminar; que cargo pensa que
poderá vir a ocupar na Assembleia da Republica ou no PSD?
N.R. – "Retomarei o mandato de deputado, para
que fui eleito e nada mais. Quanto ao PSD o presidente do partido quis ter para
comigo o gesto de confiança de propôr à Comissão Política Nacional a
indigitação do meu nome para o futuro vice - presidente. Sei que a comissão
politica em reunião em que não pude estar presente, deliberou por unanimidade a
minha candidatura para esse cargo. O órgão com legitimidade para decidir é o
Conselho Nacional, enquanto não se realizar o próximo Congresso. Aceitarei as
tarefas que me atribuírem com a militância que nunca recusei ao meu partido,
desde que me sinta capaz de as exercer com validade para o PSD, para a social
democracia e para o País."
Expresso 5 de Setembro de 1981
Fotografia - Cerimónia de posse do VIII Governo