"Mais do que as palavras, importa observar o
comportamento das pessoas. Os que me conhecem no PSD sabem bem que nunca fui
adepto de procedimentos inquisitoriais ou de métodos de “caça às bruxas” em
sentido amplo. Dei provas indesmentíveis disso por exemplo aquando da cisão
parlamentar de 1979 em que procurei e consegui, ao lado de outros militantes,
preservar a zona sindical afecta ao PSD. E Sá Carneiro escreveu no “Povo
Livre”, um artigo a propósito desses acontecimentos, realçando a dignidade e a
serenidade do comportamento dos militantes sindicalistas.
O
que eu reprovo e condeno veementemente é qualquer processo de “caça às bruxas” em sentido amplo, portanto e também
qualquer método anti-democrático de fazer oposição. As minorias que existam no
PSD têm todo o direito de ser respeitadas, mas têm elas próprias a obrigação de
começar por respeitar o voto e a vontade livres da maioria. Quando assim não
sucede, não estamos perante minorias democráticas, estamos perante minorias de
tipo leninista. No PSD não há lugar para leninismos, mesmo que com “travesti”
social - democrata. Seria o PSD a estar
em causa e, aí temos o dever de o defender sem desfalecimentos e sem
contemplações.
O
PSD tem a sua história, tem o seu projecto e tem os seus militantes. Seria um
erro grave que perdêssemos isto em benefício de falsos interesses nacionais,
que, por coincidência não estranha, seriam os interesses de outros e não os dos
sociais democratas.
Estou
certo de que saberemos preservar o programa do PSD, ainda que adaptando-o, na
altura e nos órgãos próprios à evolução entretanto ocorrida na nossa sociedade
e enriquecendo-o com o valor da experiência adquirida e a visão humanística e
de justiça que é própria da social democracia."
In
“ A Capital”. Sexta- feira, 7 de Agosto
de 1981