A
pouco menos de um mês do Congresso do PSD, que se realizará no Porto a 5 e 6 de
Dezembro, o Henrique, vice-presidente a tempo inteiro, redige a moção da
Comissão Política. Defende a continuação do projecto reformista da AD, mas diz
não à sua institucionalização.
Defende
uma candidatura civil à Presidência da Republica
(em 1985), e na linha de Francisco Sá Carneiro, (uma maioria, um Governo, um
Presidente), originária de preferência, da área social – democrata.
Lança
a nova imagem do PSD. Partido de centro esquerda é a palavra de ordem para o
próximo congresso. Procura a pacificação interna do partido, sem prejuízo da
divergência de opiniões no seio do PSD
A
missão: reforço da componente social-democrata com a chamada dos dissidentes e
de todos quantos se sintam identificados politicamente com a social -
democracia.
A
3 de Dezembro, entrevistado pelo “Diário de Lisboa” à pergunta do Jornalista:
“DL”-
Michel Rocard disse um dia que “ o socialismo dos países do Sul é a social -
democracia dos países do Norte”. Sendo assim qual o espaço nos países do sul, e
em Portugal, da social-democracia?
Nascimento
Rodrigues – "Sem me referir para já e genericamente aos países do sul, penso que
em relação a Portugal, a tónica diferenciadora entre os dois sistemas está por
um lado, na rejeição de uma visão conservadora da sociedade e, por outro lado
na rejeição marxista clássica. O socialismo, mesmo o socialismo democrático,
nos países da Europa do Sul, continua muito amarrado ao marxismo tradicional.
Nesse sentido, qualquer das perspectivas está ultrapassada na sociedade actual
e é, nessa medida que afirmamos a social-democracia como o caminho que aponta
para uma sociedade democrática, humanística e se distingue do socialismo
democrático clássico".
DL
– Quer dizer que a social-democracia, do seu ponto de vista, defende a “reforma
da repartição” e não a “reforma das estruturas”?
NR
– "Batemo-nos também pela reforma das estruturas, como diz. Aliás, penso que o
grande desafio para a social-democracia, é, precisamente, apresentar um
programa para a grave crise económica do País. As dificuldades económicas que
atravessamos, não nos permite fazer uma distribuição da riqueza que é parca.
Esta a razão suplementar para que tenhamos de efectuar reformas na nossa
sociedade."