11 de Agosto de 1981. Após mais um Conselho Nacional do PSD, (que se inicia dia 8 de Agosto e termina dia 10 de madrugada), Francisco Pinto Balsemão apresenta a sua demissão. O Presidente da Republica
aceita, afirmando que mantém a confiança política no 1º ministro. O País fica
praticamente sem Governo. Pela 1ºvez depois do 25 de Abril é o partido
maioritário que derruba o seu o seu próprio executivo.
O Henrique é entrevistado pelo jornal “O Tempo”. À pergunta
do jornalista: “Aceitaria ser Ministro do Trabalho noutro Governo não chefiado por Pinto Balsemão”?
O Henrique responde:
“ Se a sua pergunta contém implícito o entendimento de que
estou neste Governo por uma atitude de relacionamento ou seguidismo pessoal,
impõe-se um esclarecimento muito frontal e claro: não vim para este Governo por
tal tipo de razões e não vou para nenhum Governo impelido por tais motivações.
Acreditei que poderia realizar trabalho útil e prestar um serviço honesto à
resolução dos problemas laborais do nosso País, na previsão de um mandato
minimamente durável e sob um projecto de diálogo e distensão sociais que se
enquadravam perfeitamente no perfil global do Governo ora exonerado. Desde que
isso deixe de ser possível politicamente, não se justifica, a nenhum título,
sequer a hipótese de integrar outro Executivo.
E mesmo que este assuma a possibilidade da mesma linha de acção que
defendi, haverá sempre alternativas mais válidas para casos pessoais. O PSD não
é pobre em valores, ainda que já tivesse sido mais rico. É preciso ir buscar os
sociais democratas mais válidos, mais capazes, mais dinâmicos. Nós temos esses
homens e não é difícil descobri-los, desde que nos deixemos de “jogos de capelinha” internos e de
sectarismos incompatíveis com o ideário democrático e social – democrata”.
IN " O Tempo" 13 de Agosto 1981