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Natália Correia in
Espaço Magazine nº7 Janeiro de 1981
O Henrique foi este tipo de político. “Foi alguém com uma visão e um projecto para
Portugal. Tinha de Portugal uma leitura muito própria e olhava o seu país com
uma visão estratégica, que hoje muito nos falta. Acreditava na identidade
nacional e era um crente nas virtualidades do verdadeiro diálogo e da escuta
activa, aqueles que se fazem com fé na postura, descrição nos procedimentos,
esforço para entender a razão dos outros e empenho efectivo na busca de
soluções possíveis. Estava nos cargos pelo tempo que pudesse ser útil e servir.
Que tempo era esse, ele o media, na intimidade e na serenidade das suas convicções.
Confiava profundamente na capacidade de envolvimento da sociedade civil e, por
isso como português, comprometeu-se com o desempenho de cargos públicos e
serviu de forma singular o seu país, com profundo sentido de serviço à causa
pública, de desinteresse, de desapego de bens materiais, de abnegação e, tantas
vezes – principalmente no fim - com enorme sacrifício pessoal. Era um actor da
vida, no sentido de ser um fazedor. Não gostava de palcos. Era um homem de
silêncios, às vezes de longos e profundos silêncios”. ( Sofia Nascimento
Rodrigues)
Abria-se com a escrita, onde se revelava profundamente
directo, inteligente, cáustico e sentimental. Não podemos deixar morrer os
Homens Bons; por isso a sua escrita, os seus valores continuarão no seu blogue