A 4 de Setembro de 1981 “O Jornal “ publicava um artigo
intitulado “Como o FMI “abateu” um ministro.”
E continuava: “Pela primeira vez, um ministro do Trabalho
abandona a Praça de Londres com mais prestígio do que aquele com que entrara.
Não por obra feita – mas pelo que se recusou a fazer”.(….) “ O acordo com o FMI serviu-lhe de pretexto e
causa próxima. A decisão estava já tomada. Uma decisão pessoal e que os
acontecimentos das últimas semanas mais não fizeram que consolidar e tornar
irreversível. Balsemão ainda insistiu – uma, duas vezes, mas com convicção
decrescente perante a resolução inabalável de Nascimento Rodrigues.
Compreensão e total solidariedade encontrou Nascimento Rodrigues
junto dos sindicalistas e de outros sectores do partido. Atitude que, algo
surpreendentemente, se alargou a alguns empresários, que vinham acompanhando
com atenção a política lavada a cabo no Ministério do Trabalho. E terminava em jeito
de comentário: “Nascimento Rodrigues,
saída pela porta alta”.
Em 5 de Setembro, e a este propósito, dizia o Henrique ao “Expresso”:
“Quanto ao FMI, também não tive conhecimento de quaisquer
eventuais condições relacionadas com a legislação laboral. Conhece-se mais ou
menos a grave situação económico - financeira em que o País se encontra. É um
imperativo nacional conter o deficit da nossa balança exterior e do orçamento
do Estado. Isso implica a adopção de medidas de fundo, mas quer parecer-me que
a maior parte delas, para que se alcance de facto a necessária e urgente
recuperação económica, não passa essencialmente pela área das leis do trabalho.
Se se pensa que as greves acabam com a revisão da lei da greve, alguém vai
ficar muito enganado. Ou não é verdade que nas empresas bem geridas não há ou
quase não há greves?”