Titulo do “Jornal de Negócios,” Quinta-feira,
1 de Fevereiro de 2007
Provedoria de Justiça
Juntas médicas na função pública vão deixar
de ser constituídas por directores de serviço (…)
Uma nota do gabinete de Nascimento Rodrigues
garante que o secretário de Estado da Administração Publica se comprometeu a
alterar o Estatuto da Aposentação e que “está
em curso o processo legislativo com vista à publicação dos devidos diplomas
legais.” O objectivo é que as juntas médicas da Caixa Geral de Aposentações
(CGA) e da Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE) passem a ser constituídas exclusivamente por
médicos.”(…). “ As atribuições de uma qualquer junta médica são, ou deverão
ser, sempre, de natureza exclusivamente técnico-científica” frisa Nascimento
Rodrigues. “Ao integrar profissionais não
licenciados em medicina, a actual composição das juntas médicas pode
representar uma violação do Estatuto da Ordem dos Médicos, o qual prevê
expressa e inequivocamente que a medicina só pode ser exercida por licenciados
em medicina inscritos na ordem”.
Por outro lado, o exercício por um leigo de
um acto para o qual não está qualificado e “
em que a ponderação da sua decisão se orientará somente por aquilo de que está
convencido ou, até, por qualquer outro tio de critério desvirtua o carácter médico
ao próprio acto”.
O eventual “desvirtuamento” é ainda potenciado, realça, pelo facto de os
pareceres serem tomados por unanimidade ou por maioria, tendo o presidente voto
de qualidade em caso de empate.
O provedor recomendou que, “independentemente de quaisquer outras
alterações mais abrangentes (…) as juntas médicas passem a se compostas por
médicos, “para que lhes seja conferida a
necessária coerência e independência.” (D.N., 1 de Fevereiro de 2007).
Seis meses depois em título no jornal o
Público 6 de Julho de 2007:
Aposentações: Caso de professores com doenças
graves obrigados a voltar ao serviço – Provedoria já alertou para ilegalidade
de juntas médicas.
“É lamentável que seja necessário que funcionários
públicos morram em condições desumanas, para trazer para o debate público
certas práticas administrativas, mas ao provedor de Justiça cabe o mérito de
ter há muito chamado a atenção para “iniquidade
do sistema legal” das juntas médicas e para a necessidade da sua reforma.”(
Público, 6 de Julho 2007)