Agir como tu. Sentir
contigo. Dizer… nós. Já não é. Nem presente nem futuro. É assim a morte. Mesmo
quando, em pensamento, estás aqui.
Para te encontrar,
mudei de continente. Tinha 15 anos. Nunca me orgulhei de algo que eu fosse. Só
de ti. Orgulho por me teres escolhido. Orgulho por ser mãe dos teus filhos.
Orgulho enorme por ser avó dos teus netos. Orgulho por ter vivido ao teu lado
desde sempre. Orgulho pelo nome que contigo partilho. Humildade, agradecimento,
porque a vida me proporcionou este trajecto.
Um trajecto de amor,
de companheirismo, de partilha. Num livro que escreveste, talvez 2003, deixaste
uma dedicatória : “À Maria Isabel, a quem devo ter tido uma vida feliz”.
Escrevo isto para te
dizer como é difícil a saudade. Escrevo isto para te dizer como é difícil o
presente, como é difícil continuar a ser, quando tudo á nossa volta já não é.
Quando à nossa volta se instalou a ignorância, o improviso, a falta de rumo, a
incoerência, o deserto. Não me refiro só ao deserto de ideias, mas ao deserto
de soluções, ao deserto de amor, ao deserto de solidariedade, ao deserto de
tolerância, ao deserto de democracia.
Fazes muita falta,
Henrique!