sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O HENRIQUE E OS CARROS

O Henrique adorava guiar… desde que fosse fora da cidade e de janela aberta para sentir o vento…

Detestava ligar o ar condicionado, fosse Verão ou Inverno. Guiar, para ele, era sinal de liberdade, de espaço aberto, de África….

O seu 1º carro, um Ford Anglia foi comprado em 2ª mão. (Verão de 1967). Custou-lhe 35.000 escudos.

Já neste blogue tivemos oportunidade de “revelar” a sua habilidade como condutor, num texto intitulado “ Eu com os meus sonhos”. Durante toda a vida, foi multado uma única vez… Mangualde/Lisboa ao volante de uma “Diane”, Citroen 2CV (1982), carro cheio, toda a família a bordo! Excesso de velocidade…. alguém acredita?

Em 1961, Sá da Bandeira, o desejo de tirar a carta e o gosto pelo volante.

Hoje à tarde apenas me limitei a dar umas voltas de carro com o Hélder. Depois do jantar, fui dar uma volta de carro com o “Alfafa”e andei a guiar. Eles dizem que eu já guio bem e que devo tirar a carta. Tenho que ver primeiro quanto é que me ficaria a carta. Talvez não saia muito cara, pois tenho o carro do “Alfafa” para praticar. Seriam, por conseguinte, apenas 2 ou 3 aulas com o instrutor, a fim de preparar os pormenores. Depois é apenas a papelada e o pagamento do exame. Se não ficar para além dos 500 escudos, ainda sou capaz de a tirar.

No dia 16 ao dar uma volta de carro com o Hélder, o carro resolveu empanar misteriosamente. Supondo que se tratava de falta de gasolina, resolvemos ir encher o depósito – mas nada! Depois pensamos que era do arranque e resolvemos meter-nos por uma descida. O que fomos fazer! O carro parou lá em baixo… mas nada de pegar. Era ao pé do rio e ali estivemos cerca de três horas com um cacimbo monumental. Claro que no dia seguinte comecei a fungar e a sentir o corpo a pedir cama.

Como adoro guiar … vou-me desforrando de vez em quando na “amarelinha” ou no Volkswagen do Manecas. É quanto me basta.

Agosto de 1961

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O MENINO NEGRO


O Poema é do poeta Geraldo Bessa Victor.

O menino negro não entrou na roda,
Das crianças brancas. As crianças brancas
Que brincavam todas numa roda viva
De canções festivas, gargalhadas francas.

E chegou o vento junto das crianças,
E bailou com elas e cantou com elas,
As canções e danças das suaves brisas,
As canções e danças das brutais procelas.

E o menino negro não entrou na roda.

Pássaros em bando voaram chilreando
Sobre as cabecinhas lindas dos meninos
E pousaram todos em redor. Por fim
Bailaram seus voos, cantando seus hinos.

E o menino negro não entrou na roda.

«Venha cá pretinho, venha cá brincar»
Disse um dos meninos com seu ar feliz.
A mamã zelosa logo fez reparo
O menino branco já não quis, não quis

O menino negro não entrou na roda,
Das crianças brancas. Desolado, absorto,
Ficou só, parado, com olhar de cego,
Ficou só, calado com voz de morto.


Geraldo Bessa Victor (Luanda, 20.1.1917). Concluído o Liceu em Luanda foi empregado bancário.
Vem para Lisboa, licencia-se em Direito, e exerce a profissão de Advogado desde a década de 50.
Jornalista reconhecido publica em vários jornais Angolanos entre os quais "A Província de Angola". Faz parte do "Movimento Cultural 1" e da Revista Mensagem. Em 1973 em Lisboa anuncia a sua retirada do Mundo literário. Morre em Lisboa em 1990. Em 2001, a Editora Imprensa Nacional- casa da Moeda compila e edita toda a sua obra poética.

Era um dos poetas angolanos preferidos do Henrique

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

NO FUNCHAL, A BORDO DO "MANUEL ALFREDO"


Setembro 1963

A viagem tem decorrido com bastante monotonia e, como era de esperar o caranguejola do " Manuel Alfredo " quase não anda. Já estou farto e ainda não cheguei a metade da viagem

ISOLADOS EM SANTA CATARINA

Há já não sei quantos dias, talvez uns seis, que estamos isolados da Praia. Durante dois dias choveu torrencialmente e a estrada, que já de si é bastante má, ficou interrompida em vários pontos, por isso não tem ido nem vindo correio.

Quando não chove os dias também não estão bons, de modo que nunca mais tornei a dar passeios. A minha vida limita-se ao estudo, a ir jogar pingue-pongue ao clube e a conversar um pouco.

É evidente que não tenho ambiente de estudo nenhum e muito pouco tenho adiantado. Estou cheio de receio, inclusivamente sabemos que o “Quanza” devia passar para Lisboa depois do “Alfredo da Silva”, de modo que podia estar cá mais uns 10 dias. Mas com o atraso enorme com que estou na matéria consegui convencer o meu pai a desistir do”Quanza”.

Tenho que fazer mesmo as duas cadeiras e praticamente não avancei nada na matéria e pouco avançarei também até Lisboa, porque, nestes barcos praticamente não há sítio onde uma pessoa possa estar.

Já sei que o “ Manuel Alfredo ” vai com a lotação esgotada e isso significa que nem sequer há cadeiras para toda a gente.

Ora, no camarote é quase impossível estudar. E, depois, são apenas 13 dias e não sei como vou poder estudar os cinco volumes que correspondem às duas cadeiras. Estou mesmo mal e não posso perder tempo.

Seria o maior abalo da minha vida se eu reprovasse agora. Isso não pode acontecer por nada deste mundo. Depois dos exames tenho que ir falar com o P. Correia e o Alvura e outro Senhor para quem levo cartas de recomendação. Agora tudo depende deles para eu conseguir ficar colocado em Lisboa.

2 de Setembro 1963

domingo, 25 de setembro de 2011

CHOVE EM SANTA CATARINA

Estamos na época das chuvas e quando cai uma boa chuvada – o que é muito frequente em Santa Catarina, região que neste aspecto é anualmente privilegiada, a estrada fica intransitável e os carros não vêm até cá.

Para teres a noção do que se passa nesta época, vê o que acontece com os correios: 4 dias da Praia até aqui, num trajecto que a camioneta faz em duas horas.

Como tem chovido com regularidade, tenho passado o meu tempo em casa, quando chove, e a dar uns passeios pelas redondezas, quando não chove.

Esta zona é lindíssima. Eu pelo menos não me canso de a admirar. Faz lembrar muito a metrópole, pois todas as serranias são mondadas até aos cumes e muitas vezes as culturas vêm até à estrada, num aproveitamento total do terreno; mas também faz lembrar África, sobretudo por causa dos pretos que, na ilha de Santiago são a raça predominante. Claro que são pretos diferentes dos de Angola. É gente com rudimentos de civilização, embora este seja um povo subdesenvolvido.

Já comecei a estudar… um pouco. Quando pego num livro sinto-me esvaído do cérebro. Mas se Deus quiser, hei-de começar a estudar melhor.

O barco que me levará de regresso é o “ Manuel Alfredo ”; partirá da Praia a 9 ou 10, isso não sei, nem eu, nem a própria companhia.

Por enquanto, está assente que será este o barco em que vou. No entanto, às vezes passa por aqui um navio extra, creio ser o “Ana Mafalda”, e se porventura ele passar em data mais oportuna que 10 de Setembro e menos que 25 do mesmo mês, então vou nele. Mas, por ora, não tenho conhecimento de tal.

29 de Agosto 1963

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

PASSANDO PELO TARRAFAL

Estamos razoavelmente bem instalados aqui em Santa Catarina. A casa é boa e cómoda dentro daquilo que as condições do meio permitem. Só que não há banheira e temos de tomar banho numa tina… Mas, em comparação com o que se encontra nas outras ilhas, isto é um paraíso.

A maior parte das ilhas não tem luz eléctrica (aqui temo-la das 6 da tarde às11 da noite), nem as casas quartos de banho, etc. ) É tudo caríssimo, muito mais caro do que em Angola, à excepção dos carros e aparelhagens eléctricas.

Ontem demos um passeio de 120 km ( de manhã à noite ) passando pelo Tarrafal, ( onde o meu Pai vai fazer inspecção depois de Santa Catarina), algumas outras povoações menores, quase tudo à beira mar. Fiquei a conhecer, assim, mais de metade da ilha.

No Tarrafal fui tomar um banho de mar, pois ali há uma das melhores praias do arquipélago. Banho como há muito não tomava. A água é límpida, calma e temperada. O administrador de lá, que é um rapaz bastante novo, foi comigo e emprestou-me o seu equipamento submarino.

De modo que lá andei, de barbatanas, óculos e respiradouro, a “investigar” aquelas paragens. É muito bonito podermos ver o fundo do mar.

Foi um dia bem passado e cheguei a casa estoirado, pois já não estou habituado a andar de jipe e, ainda por cima, em semelhantes “estradas”

26 de Agosto 1963

UM DIA DE CADA VEZ


26 de Agosto 1965
26 de Agosto 2009




quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CABO VERDE- SANTA CATARINA

O correio é transportado, de Santa Catarina para a Praia, de camioneta, das tais que chegam quando chegam, e depois ainda tem que ir de avião até ao Sal.

Desde que cá estou praticamente não tenho parado. Da Praia a Santa Catarina são quase 40Km, que levam, todavia, hora e meia a percorrer, pois a estrada é sempre a subir, muito acidentada e estreita.

Mas, através dela vê-se um dos mais lindos panoramas da ilha e, por certo, um dos mais lindos que se podem descobrir em qualquer parte.

Um dia, se isto se chegar a desenvolver, Cabo Verde, será um dos sítios mais procurados pelo turismo, pois tem condições ideais para isso.

Eu só tenho pena que a minha máquina não esteja a funcionar bem ( é essa a minha impressão) pois levaria daqui filmes belíssimos. Mas infelizmente, tenho a impressão que a célula fotoeléctrica não está boa, o que me dá luz errada e possivelmente filmes maus. Vamos ver.

Mas como estava a contar, achei o passeio, ou melhor, a viagem lindíssima. Mesmo tudo isto ao redor de Santa Catarina é belo.

Montes verdejantes (nesta época) vales profundos e seguidos, tudinho cultivado. Muita miséria, claro.

Aqui em Santa Catarina, estamos na montanha e há ar fresco, sobretudo à noite. O que me apoquenta é que o tempo passa a correr e quase sem darmos por isso estamos em Outubro.

É claro que aqui as condições para eu estudar são menos que péssimas

22 de Agosto de 1963

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CIDADE DA PRAIA- CABO VERDE

1963. O Henrique está a terminar o 5º ano da Faculdade de Direito. Tem duas cadeiras para a época de Outubro e uma incógnita à sua frente: e depois, vou fazer o quê e aonde? O sonho de voltar para Angola tinha sido posto de parte, restava-lhe encontrar, em Lisboa um emprego…

Entre 15 de Agosto e 9 de Setembro, passa, com os Pais, uns dias em Cabo Verde. São as impressões dessa viagem que deixamos hoje no seu blogue de memórias.

A minha viagem decorreu monotonamente e, como era de calcular, o navio não possuía quase nenhumas condições de habitabilidade. A primeira impressão que tive de Cabo Verde foi-me dada por São Vicente terra completamente árida e escalvada, cheia de calor e miséria. Não gostei.

Já a ilha de Santiago, de que a Praia é capital, é muito mais airosa e verdejante. A Praia é uma pequena cidade, género vila de Angola, mas mais arranjada que o Mindelo. Algumas paisagens da ilha são muito bonitas. Ontem fui visitar o sítio chamado “Os Curralinhos” que é um género de Chela, talvez mais bonito.

Segunda feira de manhã vamos para Santa Catarina. Dizem-me que há paisagens muito bonitas, se bem que a terra seja praticamente morta. Não há sequer uma rua asfaltada e as estradas são um bocadinho melhores do que carreiros de cabras. O que mais me aborrece é não saber o que vou fazer depois do curso. Os meus pais pensam que eu, pelo simples facto de ter o curso de Direito, já tenho possibilidade de atirar-me a altos postos. Ora eu vejo as coisas pelo contrário e eles dizem que eu estou muito diferente e que sou um pessimista e um derrotado.

Praia 18 de Agosto1963

sábado, 17 de setembro de 2011

VIAGEM EM TORNO DE TI



amo o cais e as estações
porque delas se parte.
amo partir
e todos os dias regresso a ti
e te procuro na hora lenta
dos passos perdidos
nesse cais
em que te deixei.
.............
............
..............

Manuel dos Santos Lima (Poeta Angolano)

SAN JUAN, PUERTO RICO


Cheguei hoje a Porto Rico, de onde parto na 4ª feira para Nova Iorque e daqui para Lisboa.
Vou no voo TWA e chego a Lisboa na 5ª feira às 6.45 da manhã. Até 5ª feira

30 de Setembro de 1979

DISNEYLAND


A Disneilandia é uma obra indescritível, de fantasia, inteligência e técnica.

26 de Setembro 1979

LOS ANGELES

Alterei ligeiramente o programa: desisti de ir ao Grand Canyon – onde, aliás, estaria pouco menos de um dia – para ficar mais um dia em Los Angeles, de onde só partirei amanhã às 10 horas da noite.

Fiz esta alteração, porque, aqui, em Los Angeles, a Disneilandia só está aberta nesta altura do ano de 4ª feira a Domingo. Eu cheguei num Domingo, mas como não sabíamos, fomos ver outra coisa. Ora a Disneilandia é o maior espectáculo turístico dos E. U. e seria uma pena partir sem a visitar. Por isso, prolonguei um pouco a estadia aqui, em troca da visita ao Grand Kanyon e amanhã aproveito para passar o dia na Disneilandia e à noite parto para Las Vegas onde ficarei 5ª e 6ª feira; à tarde parto para Nova Orleães e no Domingo saio para S.Juan de Porto Rico, via Atlanta, onde ficarei até 4ª feira de manhã.

Saio de Porto Rico por volta do meio dia, chego a Nova Iorque às 4 h da tarde e tomo o avião para Lisboa às 8 da noite. No bilhete está marcada a chegada a Lisboa às 6.45 da manhã

Quanto a Los Angeles, é uma cidade enorme, muito extensa e conhecida pelos seus divertimentos. No Domingo visitei o Universal Studio, que tem muita piada por mostrar como fazem alguns truques do cinema. Ontem fui a um género de feira popular mas muito diferente da nossa. É uma reconstituição de uma velha cidade de Cow Boys, com imensos divertimentos alguns deles verdadeiramente espectaculares.

Hoje fui num "tour" até Tijuana, no México, mas confesso que não gostei. É o tipo de uma cidade espanhola, mas suja e com miséria, enfim aquilo a que estamos habituados.

Gostei, sim, do passeio pela zona da baixa Califórnia americana. A paisagem é bonita e as casas maravilhosas, os postais não mentem, até dão uma imagem que é superada pela realidade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SAN FRANCISCO

Estou no aeroporto de partida para Los Angeles. Gostei muito de ver São Francisco, que é uma cidade fora do vulgar. Sinto-me bem de saúde mas as viagens são sempre cansativas para mim por ter de andar de avião. Vou sempre com medo!

23 de Setembro de 1979

FREEPORT E SÃO FRANCISCO

Estou em São Francisco, vindo de Freeport, via Chicago. Estou cansado das viagens e das mudanças de fusos horários, mas satisfeito com tudo o que tenho visto.

A minha estadia em Freeport, onde fiquei alojado em casa de um casal americano da nossa idade, ele advogado e ela professora, foi uma experiencia encantadora e praticamente inesquecível pela maneira como me trataram.

Vivem numa casa espantosa, dessas que vêm nas revistas. Foram de uma gentileza extrema . Mostraram-me a cidade toda, os liceus, uma herdade, etc. Fiquei, de facto, surpreendido com a vida nessa pequena cidade de 17.000 habitantes mas que possui tudo.

São Francisco tem uma beleza natural invulgar. Tive, todo o dia, a companhia de um luso americano, que foi de uma enorme simpatia.

Dei uma volta de carro, fui a casa dele, e, visitei a Universidade de BerKeley que fica do outro lado da grande ponte de Bay Bridge.

No último dia fui ver a exposição egípcia do Tutankamon, (havia milhares de pessoas, muito tempo à espera), e um espectáculo musical negro.

São Francisco 19 de Setembro 1997

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PERTO DE TI

Perto do mundo
perto de tudo
longe de ti.
Perto de Deus
longe de tudo
longe do mundo
perto de ti

CHARLES RIVER - BOSTON


Acabo de chegar a Boston. Estou instalado num hotel que fica localizado nesta zona ilustrada pelo postal. A viagem continua a decorrer bem e o tempo está admirável. Hoje à tarde procurarei ver um pouco de Boston.

BOSTON

Aqui me tens no meu quarto no 30º andar do Sheraton Boston Hotel de onde desfruto uma vista deslumbrante sobre uma parte da cidade.

A parte profissional quase deixa de pesar a partir da saída de Washington, para passar a viagem mais de turismo do que profissional. O meu intérprete é filho de pais açorianos e fala correctamente o português, mas o seu nível geral de cultura, (no sentido de conhecimentos da história e do ambiente das cidades), não é elevado. Não sabe “enquadrar” o visitante no meio que este está a visitar e isto é pena porque, assim, não fico a saber muita coisa que, de outro modo, poderia e gostaria de saber. Creio que esta é a grande falha do programa, porque no resto tudo tem decorrido esplendidamente.

Os hotéis onde tenho estado são muito caros, de modo que me sobram por dia 15 dólares. Com este dinheiro consigo tomar pequeno almoço, almoço e jantar, mas só em restaurantes de tipo snack-bar. São restaurantes com um ambiente muito bom, mas a comida, embora bem feita, não é para o nosso paladar.

Isto é um país fora de série onde se respira bem estar a nível geral. Amanhã de manhã vou visitar a Universidade de Harvard e ao fim da tarde partimos para Nova Bedford, que fica a cerca de 80km. É uma das zonas com mais população portuguesa e aí espero ter notícias do que se passa em Portugal, pois vou ter um contacto com os jornalistas.

12 de Setembro 1979

terça-feira, 13 de setembro de 2011

NOVA IORQUE

Nova Iorque é uma cidade gigantesca, cheia de barulho e movimento. Não é o género de cidade bonita, é uma cidade louca e trepidante. Com a área metropolitana tem 12 milhões de pessoas. O maior espectáculo é a própria rua, com as pessoas e todo o movimento.

Há imensas lojas, sobretudo de máquinas fotográficas e coisas similares (tudo importado do Japão).

Vi pares de sapatos de senhora, importados de França, a 1.000 dólares! Mas os artigos à venda no supermercado são baratos para o nível de vida americano.

Fiquei instalado num hotel, situado quase em pleno coração da Broadway. Como cheguei à noite e num domingo, nem imaginas o movimento que era, de tal modo que me senti entontecido na rua. Na 2ª feira fui à noite a um espectáculo no famoso Radio City Music Hall Center. É um espectáculo muito agradável de se ver (corresponde ao french-can-can deste lado, embora seja muito diferente) e o auditório ( com mais de 6.000 lugares ) é também, por si, um verdadeiro espectáculo. Gostaria de ver mais porque, de facto, isto é profissionalismo a sério, verdadeiramente deslumbrante, mas os bilhetes são muito caros (para o nosso nível de vida, claro). Em Washington paguei 20 dólares para ver “Oklahoma” e em Nova Iorque paguei 10 dólares para ver o musical. Como vês, é caro, mas são coisas que se vêm uma vez na vida e que valem, na realidade, o que se paga para as ver.

Andei a pé a maior parte das vezes. Pedi ao meu interprete ( o velhote luso americano de que já te falei) para ver o edifício das N.U., o Empire State Building e a Estatua da Liberdade. Foi isto que vi pois ele, por si, não sugeriu mais nada.

12 de Setembro 1979.

NOVA IORQUE- NU

10 de Setembro 1979
Cheguei ontem a Nova Iorque. Estou bem, embora um pouco cansado com a viagem e o terrível movimento e barulho desta gigantesca cidade. Neste momento estou a visitar o palácio das NU.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

RECORDANDO ANGOLA

MENSAGEM DE UM AMIGO

"Quando eu for uma estrela construirei uma constelação de amores e saudades e vamos encontrar-nos de novo ... nos céus do nosso Universo."

A.B.

17 MESES HOJE

Passaram 17 meses. Nenhuma palavra é suficiente para falar da nossa saudade, das nossas memórias, sentimentos, emoções. O Henrique, O Pai e Avô está presente em todos os momentos das nossas vidas.
Para que nada seja esquecido; para que tudo seja lembrado, por todos, e, por cada um, aqui fica parte do texto publicado pelo "Expresso On Line," nesse dia 12 de Abril.

A vida de Henrique Nascimento Rodrigues tem uma marca política vincada. Provedor de Justiça entre 2000 e 2009, foi o "advogado do povo" que maior volume de trabalho apresentou, com mais de 8.000 queixas apresentadas por ano.
Fazendo sempre questão de manter um perfil discreto e distante dos focos mediáticos, no ano passado, porém, quebrou esse voto. Cansado de esperar pelo acordo entre PS e PSD para encontrar um substituto - que o fez permanecer no cargo ao longo de mais de um ano de prolongamento - Nascimento Rodrigues assumiu publicamente a intenção de resignar.
"A partir daqui, não seria já curial forçar mais a minha consciência e degradar ainda mais as minhas debilitadas condições de saúde - que há longos meses se foram deteriorando - com um prolongamento do mandato cujo fim alguns senhores deputados anunciam só poder ter lugar na próxima legislatura, ou, para ser mais rigoroso, talvez no início do próximo ano", disse em carta enviada a Jaime Gama em Junho do ano passado.
Para "defesa e prestígio da instituição", Nascimento Rodrigues bateu com a porta da Provedoria de Justiça a 3 de Junho de 2009. A sua debilidade física era notória (sofria de enfisema pulmonar, que se agravou nos últimos meses como Provedor), mas fez questão de apresentar pessoalmente os seus cumprimentos de despedida, primeiro ao Presidente da República e, no dia seguinte, ao presidente do Parlamento.

A sua maior vitória política na Provedoria foi alcançada quando usou a sua prerrogativa de recurso directo ao Tribunal Constitucional para requerer a nulidade de algumas normas constantes do Estatuto Político dos Açores, revogado por iniciativa do Partido Socialista. O Tribunal Constitucional viria a dar-lhe razão e o diploma regressou ao Parlamento para correcção das irregularidades.

Henrique Nascimento Rodrigues faria 70 anos no próximo dia 3 de Agosto. Aproveitou a recuperação para ter aulas de informática, começando, nessa altura a escrever pela primeira vez em computador e criando um blogue para publicar as suas análises políticas, extractos das suas memórias pessoais e para dar a conhecer facetas da arte e da cultura africana.
Angola, onde nasceu, foi sempre uma referência fundamental na sua vida.

sábado, 10 de setembro de 2011

NIAGARA FALLS

16 de Setembro de 1979



Cheguei às 4 da tarde e parto amanhã de manhã. Quase não tive tempo de ver esta maravilha

PROGRAMA DA VIAGEM

"Aí vai o programa da viagem. Em Freeport (Illinois) ficarei instalado numa casa particular, conforme pedi, para ter contacto directo com uma família americana.
De S. Francisco seguirei para Los Angeles e daqui passarei a Las Vegas, Grand Kanyon, Disneilandia, Nova Orleães e Porto Rico, de onde regressarei a Nova Iorque só para tomar o avião para Lisboa.
Como podes ver é uma viagem verdadeiramente fabulosa. Tocarei em cidades e locais muito diferentes, de costa a costa, em grandes cidades e pequenas cidades, contactarei com pessoas de muito diferentes profissões – e tudo isto foi feito de acordo com as minhas próprias sugestões, sem qualquer “corte” ou qualquer influência.
É fantástico como aceitaram tudo o que pedi, sem o mínimo obstáculo, sem qualquer restrição. Isto é, de facto o país da liberdade …. e da riqueza"

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

WASHINGTON D.C.

"O programa em Washington não foi cansativo, mas não me deu tempo para passeios. Só ontem à noite é que pude ir jantar a Georgetown, uma espécie de Cascais cá do sítio. É uma cidadezinha maravilhosa, só com casas do tempo colonial. De resto, têm sido os contactos, (e as esperas entre os contactos!), em Washington.

Fui recebido pelo Secretário do Trabalho do Governo, que corresponde ao nosso Ministro do Trabalho. Foi uma entrevista especial e que ainda por cima, demorou uma hora, o que não é habitual. Isto demonstra a importância da deslocação.

Fui entrevistado também pela Voz da América. A entrevista é longa e por isso estavam a pensar dividi-la em duas partes e em difundi-la em dois dias seguidos. Querem entrevistar-me de novo à partida para Lisboa.

Amanhã, sábado, é o dia em que farei uma volta turística durante toda a manhã e a tarde vou dedicá-la a ver os museus de Washington. Tem aqui museus únicos no Mundo, como o museu do espaço onde estão expostos desde os primeiros aviões até às cápsulas espaciais e aos foguetões. À noite, se conseguir, quero ir ver a opereta “Oklahoma”, mundialmente conhecida. Domingo partirei para N. Iorque, por comboio. A viagem por comboio, que demora 3 horas, é feita de acordo com um pedido expresso meu, visto que a quase totalidade das outras viagens são feitas por avião, dadas as distâncias."

Washington 7 de Setembro 1979

OKLAHOMA - MUSICAL

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MEMÓRIAS DE UMA VIAGEM

1979. O Henrique é convidado pelo Governo dos Estados Unidos a visitar o país, durante cerca de um mês. Durante essa visita, entendida como uma visita de estudo, entra em contacto com o respectivo Departamento de Estado do Trabalho e com organizações sindicais e Universitárias.

Está em Washington entre 3 e 8 de Setembro, segue para Nova Iorque onde fica até dia 12. Segue-se Nova Bedford, de 13 a 16, posteriormente Freeport até 19, a seguir São Francisco e Los Angeles onde a 26 de Setembro termina a viagem, seguindo para Porto Rico

Durante a estadia em Washington, também como convidado, participa no Congresso Sindical da AFL-CIO.

São algumas memórias dessa estadia que começaremos hoje a editar


A viagem foi boa mas cansativa. Não tive problemas de maior, embora tivesse que me “desenrrascar” sozinho em Nova Iorque ao tomar o táxi para o aeroporto de La Guardia.

É que o sistema das linhas internas americanas é muito diferente do nosso: entra-se no avião sem comprar bilhete e segue-se viagem! É no avião que se paga (ou, como no meu caso, se mostra o bilhete com que já vinha). Ao chegar aqui tinha à minha espera um representante do Departamento de Estado e o meu intérprete. Este é um velhote simpático, um luso-americano, que fala bem português e já viveu 4 anos em Lisboa, onde deu aulas de inglês. Está instalado no mesmo hotel do que eu e vai acompanhar-me durante toda a viagem.

Estou espantado como pode um país como este gastar tanto dinheiro para receber um visitante não ilustre como eu. Basta pensar que os E.U. recebem milhares de visitantes convidados todos os anos.

As minhas primeiras impressões são excelentes, embora hoje esteja um dia péssimo. Esteve a chover permanentemente, dizem-me que é influência de um furacão qualquer que abala a costa sul.

Estou instalado numa boa residencial, mas muito cara: 40 dólares só pela dormida. O meu quarto é uma suite, que até tem cozinha equipada, sala com televisão a cores (nove canais) e rádio, enfim muitíssimo confortável.

Mas ainda vi pouco da cidade, e não me parece que tenha grande tempo para isso. O programa profissional não tem sido apertado mas está organizado de tal modo que entre as entrevistas medeia uma hora ou mais e isto acaba por ser tempo perdido. Por outro lado, os horários das refeições são diferentes; almoça-se às 12 horas e janta-se das 6,30 às 7,30. Como a maior parte das lojas fecham cedo, venho para o Hotel descansar até à hora de jantar.

Os táxis são muito caros e só se pode andar de metro – que, aliás, é um verdadeiro luxo de limpeza e comodidade, como não imaginava poder existir.

Amanhã saio depois de jantar para ir a Georgetown, mas como o intérprete já é velhote julgo que não vou ter companheiro para a parte mais turística."

5 de Setembro de 1979

WASHINGTON

4 de Setembro 1979 Washington D.C.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O QUINTO PODER

6 de Julho de 2001
85.000 queixas em 25 anos de actividade

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DEUS QUER

Nesse mesmo ano, 2005, em Florianópolis, o mesmo tema: olhar mais longe, para todo o grande espaço lusófono, com um grande apelo: sensibilizar o Brasil para a vantagem de criação da figura do Ombudsman parlamentar.
"Estamos a olhar para mais longe, para todo o grande espaço de uma fala comum, que, hoje é ocupada por oito países, dispersos da América do Sul, à Europa, à África e á Oceania, cada um com os seus naturais e legítimos interesses estratégicos todos diferentes – e, todavia, todos irmanados na mesma língua em que nos compreendemos com facilidade quando estamos em casa do irmão, com a sua específica e incontornável identidade nacional.
Se os Ombudsmen dos países da América do Sul já criaram a sua Federação; se os Ombudsmen francófonos estão, eles também, agrupados na sua “Association des Ombudsmans et Médiateurs de la Francophonie”; se os 25 países da União Europeia têm os seus Ombudsmen, que se reúnem periodicamente e têm “redes” estreitas de relacionamento; se Timor Leste, Angola, Moçambique e Cabo Verde já têm Provedores de Justiça ou, pelo menos, já os instituíram constitucionalmente – o que falta para que o grande e tão variado mundo da língua em que todos nos entendemos avance para uma qualquer fórmula de associativismo das suas instituições análogas?
Falta-nos o Brasil, claro. Podemos criar as raízes dessa associação – mas sem as adequadas instituições brasileiras, ela seria como um embondeiro de tronco retorcido, um jacarandá ou uma buganvília sem cores, uma cerejeira sem fruto, ou um coqueiro com cocos sem sumo.
Não seriamos nós todos, portanto. E ou somos todos nós, ou não saberemos responder ao desafio histórico do século da mundialização, da riqueza intercultural de que também se faz o humanismo e dos direitos humanos, que são universais."
Florianópolis 28 de Setembro de 2005

O HOMEM SONHA,

I.

O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Deus quiz que a terra fosse toda uma,

Que o mar unisse, já não separasse.

Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,

Clareou, correndo, até ao fim do mundo,

E viu-se a terra inteira, de repente,

Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou creou-te portuguez.

Do mar e nós em ti nos deu signal.

Cumpriu-se o Mar, e o Imperio se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal!


Fernando Pessoa, Mensagem – Segunda Parte, Mar Português (Original)

A OBRA NASCE

Enquanto Provedor de Justiça de Portugal, o Henrique, tinha um sonho que não lhe coube  concretizar: criar uma federação de Provedores de Justiça/ Ombudsman que congregasse todos os países que falam Português. Em 2005, 30 e 31 de Maio realiza-se em Lisboa o II Colóquio Luso - Brasileiro de Ouvidores Públicos/Provedor de Justiça. São estas algumas das palavras pronunciou nessa ocasião
"Qual a intenção destes colóquios? Em primeiro lugar, naturalmente, aprofundar os laços de conhecimentos entre as instituições brasileiras de Ouvidoria Pública e a instituição portuguesa do Provedor de Justiça.
São diferentes, claro. Mas isso não obsta a que procuremos apreender as nossas experiências e, através desse contacto, evidenciar o laço apertado que une brasileiros e portugueses por sobre o oceano que nos separa e, independentemente da inserção político - geográfica de cada um dos nossos países, reafirmar a fraternidade intemporal que espero seja sempre preservada entre ambos os Povos.
Disse-vos que visiono mais longe, para o espaço da Lusofonia. Timor-Leste foi o primeiro país da lusofonia, depois de Portugal, a instituir o seu Provedor de Justiça e dos Direitos Humanos, ainda recentemente. E Angola foi o primeiro país africano de língua portuguesa a criar o seu Provedor de Justiça.
Eu espero que o seu exemplo frutifique nos outros países africanos de língua portuguesa – e aí, ele tem um papel fundamental como paradigma de uma instituição da democracia em África de língua portuguesa - e auguro que, um dia, todos juntos, angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, portugueses, são-tomenses e timorenses possamos criar uma associação que congregue as nossas instituições de Ombudsman.
Um grande poeta português escreveu isto: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Nós temos, pois, a obrigação de sonhar para que a obra nasça.
Depois de nós outros virão. Mas que nunca digam que nada fizemos. Nós já fizemos".
Maio de 2005

sábado, 3 de setembro de 2011

APANHADOS

Pelo " Tal e Qual" no dia 6 de Novembro de 1992

ESTE CORPO

Esta pele velha,

encarquilhada

rugosa e dura.

Já sem vida, é a mesma pele

que te amou

em todos os momentos

de ternura.

Estes olhos gelados,

frios,

baços, já sem vida,

são os mesmos olhos

que te amaram

em todos os momentos

de loucura.

As mãos:

anquilosadas,

velhas,

nodosas,

trémulas.

Já sem vida;

são as mesmas mãos

que as tuas

enlaçaram

em todos os momentos

de ternura.

Este corpo velho,

anquilosado,

nodoso,

e duro.

Está vivo;

Mas não encontra o teu.

PAPEL DA EMPRESA

Tenho a convicção e, por isso, a esperança, de que a empresa possa ser, cada vez mais, um factor acelerador do processo de valorização dos recursos humanos, seja no seu interior, seja pela exigência que deve transportar para os estabelecimentos de ensino e de formação e para a sociedade em geral.

A empresa é a mais interessada neste processo e dispõe de instrumentos próprios de grande impacto, desde logo, desenvolvendo uma cultura adequada, estabelecendo uma organização que favoreça o rigor, a inovação, a responsabilidade, adoptando novas tecnologias, praticando processos de trabalho participativos, avaliando e formando.

A empresa pode e deve superar grande parte da insuficiente valorização dos nossos recursos humanos. Prova disso é a adaptação e qualificação que os nossos trabalhadores revelam quando, no estrangeiro, mas, também em Portugal, se encontram integrados em organizações com aquelas características e que sabem colmatar as suas próprias vulnerabilidades.

Como multiplicar estes exemplos ao nível das nossas empresas e das nossas instituições em geral?

É este o maior desafio que temos pela frente. Parafraseando Einstein, diria que hoje a imaginação é tão importante como o conhecimento. E recordando Roosevelt, acrescentaria que o único temor deve ser o nosso próprio medo.

Lisboa, 15 de Março 1995 ( O “estado da arte” de gerir pessoas em Portugal)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ECONOMIA E FISCAL


Estou aborrecido comigo por não ter estudado mais durante as férias. Poderia ter tido mais brio para agora poder tirar uma nota que se visse. Mas a verdade é que não trabalhei para isso.

O que é certo é que a Economia me tem dado mais trabalho do que eu inicialmente pensava. Não sei porquê mas não me “entra”. Põe-me a cabeça em águas de bacalhau e sinto-me mal preparado.

Não tenho jeito nenhum para aquilo. Tenho bastante receio porque nunca senti inclinação para estas questões económico financeiras daí a maior dificuldade de apreensão quando deparo com cadeiras deste género. Desde ontem que estou a estudar o dia inteiro e hoje, inclusivamente não quis ir ao cinema

Daqui até ao dia da partida vou estudar em cheio e espero ter tempo para tudo.

Mas, ao menos, em Fiscal, se o Martinez me deixar, posso tirar um 12. Ainda tenho à frente duas semanas e neste tempo pode-se aprender muita coisa.

A verdade é que estou cheio de autoconfiança e, propriamente, não ponho a hipótese de chumbo. Não sei, mas acho que, às vezes, estou a voltar ao tempo antigo, com uma auto-confiança excessiva, uma vez que não tenho muitas razões para a possuir. Isto também é um mal, tão grande como o de enchermo-nos de nervos antecipadamente e desanimadoramente., Agora tenho a mania de que, sabendo um poucochinho, já ninguém me reprova! - e praza a Deus que isso sempre aconteça. Mas enfim, embora as razões não sobejem para isso, sinto-me confiante quanto a Outubro.

O que eu quero é passar, e para o ano farei os possíveis para tirar o 14.

Sá da Bandeira 16 de Setembro de 1961